5 regiões no brasil com alta de ocupação de UTIs
Neste 6 de março de 2021, as cinco regiões do Brasil têm índices altos de ocupação de leitos em unidades de saúde. Um motivo de aflição para os doentes, para os parentes deles, para os profissionais que tentam atendê-los.
E as UTIs lotadas são também o motivo principal das restrições que autoridades municipais e estaduais estão impondo à circulação de pessoas e ao funcionamento de estabelecimentos comerciais.
No estado mais populoso do país, os hospitais estão cheios de uma tal maneira que não há médicos suficientes para atender todo mundo. São Paulo precisou apelar para voluntários.
Há mais de 40 dias a Santa Casa de Misericórdia de Araraquara, no interior paulista, está com a UTI lotada. São dez leitos ocupados por pacientes com a Covid-19. Na sexta-feira (5), havia 37 pacientes graves à espera de um leito. Sem contar os que foram levados para hospitais de outras cidades.
Mas não falta só espaço. O diretor conta que falta gente para cuidar dos doentes. “Nós temos, no total, 68 vagas em aberto. Uma grande dificuldade em você fazer a contratação dessas pessoas. E o grande impacto também é que muitos profissionais acabaram se desgastando. Nós tivemos pedidos de solicitação de saída de colaboradores que já estavam estressados, cansados”, conta Rogério Bartkevicius, diretor-geral da Santa Casa de Araraquara (SP).
Nas UTIs, cada médico fica responsável por dez leitos. A Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória recomenda que um fisioterapeuta cuide de até seis leitos. Cada vez que os hospitais ampliam as UTIs, precisam de mais profissionais da saúde.
O Conselho Regional de Enfermagem também diz que faltam profissionais. “Os profissionais estão lidando há mais de um ano com essa situação de pandemia. Já existe um desgaste natural. E, hoje, o mercado realmente carece de um número maior de profissionais para que haja contratação”, afirma James Francisco dos Santos, presidente do Coren/SP.
Na sexta (5), o secretário estadual da saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, fez um apelo: “Nós precisamos agora, governador, do apoio dos conselhos de classe, para que nos ajude com voluntários. Nós precisamos de ajuda porque estamos em guerra”, disse.
Imagens foram gravadas na tarde deste sábado (6) dentro do Hospital Geral de Vila Penteado, na Zona Norte de São Paulo: os 20 leitos da UTI para pacientes com Covid estão ocupados. Na enfermaria e na observação, o espaço que sobrava foi usado para improvisar mais leitos.
O doutor Carlos Eduardo Fabiani é um dos plantonistas da UTI. Ele diz que todos os profissionais trabalham no limite: “Todos os médicos hoje em dia quase já têm a agenda lotada, plantões fixos. Então, na hora que um médico falta por alguma ou alguma outra situação, realmente está sendo bem difícil ter um colega que assuma um plantão em cima da hora ou para assumir um plantão fixo”, diz.
Neste sábado (6), a infectologista Mirian Dal Ben, foi para o quarto final de semana de plantão na UTI. “A gente está enfrentando uma carga de trabalho com número de horas e de pacientes que a gente tem que atender por período absurda. A ente está tendo que tomar decisões que são dilacerantes para o profissional de saúde, que são decisões que você tem que escolher para quem você vai dar a vaga. Situação difícil. É muito triste. A gente fala, fala, e as pessoas não escutam”, diz, emocionada, Mirian Dal Ben.
(G1 JN)