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Joe Biden vence na Pensilvânia e garante votos para ser eleito presidente dos EUA

O democrata Joe Biden alcançou os 270 delegados no Colégio Eleitoral nesta sexta-feira (6), segundo projeções da agência de notícias Associated Press (AP), número suficiente para derrotar o republicano Donald Trump e se sagrar o 46º presidente dos Estados Unidos.

A projeção é gerada por cálculos da AP e não vale como oficial. Geralmente, esse tipo de projeção é suficiente para que a sociedade americana reconheça a eleição de um presidente.

Mas, neste ano, a campanha de Trump alega que a eleição está sendo roubada e promete ações na Justiça para impedir que Biden vença. A campanha republicana pediu recontagem em Wisconsin e tenta suspender a apuração na Pensilvânia, na Geórgia e em Michigan.

Também pediu interferência em um caso pendente na Suprema Corte dos EUA sobre a Pensilvânia, um estado importante da disputa que ainda está contando centenas de milhares de cédulas enviadas pelo correio. O republicano tenta impedir que o estado conte votos que cheguem depois da eleição.

Essas manobras judiciais de Trump ocorreram após ataques do republicano contra a integridade da votação, ao mesmo tempo em que declarou vitória e sugeriu — sem comprovação — que os democratas tentariam fraudar a eleição.

Em seu pronunciamento, Biden rebateu: “Todos os votos precisam ser contados. Ninguém vai tirar nossa democracia, nem agora, nem nunca. A América foi longe demais, lutou em muitas batalhas, a América suportou demais para deixar isso acontecer.”

Trump está tentando evitar se tornar o primeiro presidente em exercício dos EUA a perder uma candidatura à reeleição desde George H.W. Bush, em 1992.

Vitória no Arizona

A Associated Press explica que projetou Biden vencedor no Arizona na madrugada de quarta-feira porque o democrata tinha 5 pontos percentuais a mais que Trump (130 mil votos) e 80% dos votos apurados. “As cédulas restantes a serem contadas, incluindo votos pelo correio no condado de Maricopa, onde Biden teve um forte desempenho, não seriam suficientes para Trump alcançar o ex-vice-presidente”, aponta a agência.

Uma mudança demográfica nos últimos anos, incluindo uma população latina em rápido crescimento e um boom de novos residentes — alguns fugindo do alto custo de vida na vizinha Califórnia — tornaram o estado, historicamente um reduto republicano, mais favorável para os democratas.

Muitos dos ganhos foram impulsionados pela mudança política do condado de Maricopa, que abriga Phoenix e seus subúrbios. Foi aí que, para a AP, Biden selou sua vitória. O condado responde por 60% dos votos do estado, e Biden obteve enormes margens ali. Quando a agência deu a vitória ao democrata, ele liderava com 9 pontos percentuais nessa região.

Biden

A virtual vitória de Biden marca o retorno de um democrata à Casa Branca desde a saída de Barack Obama, que governou o país entre 2009 e 2017 — e de quem Biden foi vice-presidente.

Casado com Jill Biden, Joe Biden nasceu em 1942 na Pensilvânia, em uma família católica. O democrata se notabilizou na política em 1972, quando, aos 29 anos, se elegeu para o Senado pelo estado de Delaware e se tornou uma das pessoas mais jovens a assumir o cargo na história dos Estados Unidos.

A apuração dos votos deste ano começou dramática para o democrata, que perdeu a Flórida (contrariando a média das pesquisas) e sofreu revezes na Geórgia e na Carolina do Norte — estados onde Biden pretendia virar a vantagem obtida por Trump quatro anos atrás.

Mas outras vitórias em estados-chave, com votos contados apenas no fim, determinaram a vitória de Biden segundo as projeções. Uma das razões foi a previsível demora na contagem dos votos que chegaram por correio.

Mais de 100 milhões de eleitores americanos votaram antes do dia oficial das eleições. Isso representa quase 73% do total de pessoas que foram às urnas em 2016. Desses, mais de 64,5 milhões das cédulas foram enviadas pelo correio.

O voto antecipado foi motivado, entre outras razões, por receio de aglomerações na pandemia. E a maioria desses eleitores votou em Biden, já apontavam projeções feitas antes mesmo do dia da eleição.

A pandemia, inclusive, fez Biden evitar comícios com grandes aglomerações ao longo da campanha. O democrata preferiu fazer reuniões com poucas pessoas — ou, já na reta final, atos políticos com carros.

Temas da campanha e propostas

  • Coronavírus: Biden tem como propostas aumentar o número de testes e torná-los mais acessíveis caso seja eleito. Ele ainda estuda um projeto de lei que obrigaria as pessoas a usar máscaras. Além disso, ele planeja mobilizar 100 mil pessoas para uma espécie de exército de servidores que terão como função rastrear o vírus e a epidemia.
  • Acesso à saúde: o democrata propõe criar uma empresa estatal que vai oferecer planos de saúde mais acessíveis. A ideia é que, dessa forma, os preços vão baixar. Ele também pretende ter uma política de preços para os remédios.
  • Tributos: Biden afirmou que pretende aumentar a alíquota de impostos entre as pessoas de maior renda dos EUA, mas ele prometeu não levantar a taxa para 90% dos contribuintes.
  • Proteção ambiental: a proposta de Biden é começar um movimento para diminuir as emissões e chegar a 2050 como um país neutro. Ele também pretende voltar ao Acordo de Paris. Trump saiu do acordo e acabou com mais de 100 regras para preservar o ambiente eu seu mandato. Ele afirmou que não pretende fazer uma transição de combustíveis fósseis para renováveis.

Relembre a campanha de Biden

No início deste ano, o Partido Democrata fez suas prévias para escolher quem iria ser o adversário de Trump.

Biden começou mal e ficou em quarto na primeira rodada das prévias e sem nenhum delegado na segunda. Mas conseguiu reverter os resultados na Carolina do Sul.

Com o apoio do deputado Jim Clyburn, o democrata mais poderoso do estado, Biden venceu as primeiras primárias presidenciais de sua vida ao conquistar 48% dos votos. Depois, levou todos os estados nas primárias, exceto oito.

Dias antes da convenção nacional de seu partido, Biden escolheu a senadora Kamala Harris, da Califórnia, como vice.

Na convenção, Biden participou por transmissão — uma enorme mudança motivada pela pandemia em relação a outros anos, em que os comícios reuniam milhares dentro de ginásios esportivos.

O democrata ainda se encontrou com Trump em dois debates. Entre um e outro, participou de um programa com eleitores.

A campanha contou na reta final com o reforço de Barack Obama, que fez comícios para poucas pessoas — a maioria delas em carros — e se encontrou presencialmente com Biden para atos no fim de semana antes da votação.

(G1)

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