Volta do Brasileirão divide opiniões em debate de comissão externa sobre o coronavírus
Comentaristas esportivos convidados pela comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha ações de combate ao novo coronavírus criticaram, nesta quinta-feira (19), a volta dos campeonatos de futebol diante do número de mortes causadas pela pandemia. Apesar das críticas, dirigentes dos clubes e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) afirmaram que os protocolos adotados são eficientes e que não há, até agora, nenhum indício de contaminação durante os jogos.
Os cronistas esportivos citaram os cuidados tomados em competições internacionais. As finais da Champions League, por exemplo, estão sendo realizadas em Portugal, exemplo europeu de controle da pandemia. Os jogos da NBA, a liga norte-americana de basquete, foram concentrados em Orlando, na Flórida.
O jornalista Juca Kfouri acusou os interesses econômicos de estarem à frente da preocupação com a saúde e apontou como exemplo positivo a decisão tomada pelo Japão sobre os Jogos Olímpicos.
“Nós achamos um absurdo paralisar o futebol no Brasil, quando a Olimpíada, o maior evento esportivo do planeta, foi simplesmente adiado por um ano, com todos os prejuízos que isso significa: os econômicos, os esportivos e os culturais”, comparou.
Testagem
Durante a audiência pública, médicos de alguns clubes afirmaram que as adaptações feitas nos centros de treinamento e a testagem dos jogadores têm dado tranquilidade para a volta dos campeonatos. Até o momento, não houve mortes nem casos graves entre os atletas.
Médico da CBF responsável pelo Protocolo Nacional, Jorge Pagura declarou que 142 profissionais participaram diretamente da elaboração das regras. Ele informou que, em três testagens visando ao Campeonato Brasileiro, o número de infectados diminuiu de 74 para 16. A incidência da doença nos atletas, acrescentou, é de 3%. Como 50% dos casos estão concentrados em 5 times, a entidade vai reforçar as recomendações para essas equipes, que incluem a proibição da troca de camisas entre os jogadores e as comemorações de gols.
“Temos cuidados desde a viagem até como se comportar no refeitório. Se tem alguma coisa que precisa ser revista, nós já estamos pedindo dentro do protocolo localizado de cada clube”, comentou Pagura.
Segurança sanitária
Parlamentares integrantes da comissão externa também se dividiram sobre a retomada do Campeonato Brasileiro. O coordenador, deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), defendeu a realização das partidas, mas salientou a importância da testagem efetiva.
O autor do requerimento da audiência, deputado Alexandre Padilha (PT-SP), fez menção ao retorno dos campeonatos na Europa e nos Estados Unidos e solicitou informações sobre as ações do governo federal em relação à segurança sanitária.
“Campeonato nacional significa circulação de aeroportos, deslocamento de estados para estados, além da mobilização de pessoas, não só os jogadores”, ressaltou Padilha. “Estamos falando de preparadores, funcionários dos clubes, jornalistas, de toda a atividade econômica que está em torno do futebol.”
Público
O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, lembrou a importância econômica do futebol profissional, que tem 156 mil trabalhadores e movimenta R$ 54 bilhões por ano no Brasil. Ele anunciou um contrato de direitos de transmissão que está sendo feito com 84 países para os jogos das séries A e B.
Tanto a Confederação Brasileira de Futebol quanto os clubes também mencionaram a próxima preocupação do setor: o retorno dos torcedores aos estádios.
Segundo o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, as discussões estão sendo feitas com cautela. “Como e quando a gente vai permitir a volta da torcida será decidido após uma profunda análise, com participação das autoridades de saúde”, declarou.
O presidente da Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil (Anatorg), Alex Sandro Gomes, alertou que, mesmo sem torcedores nos estádios, as pessoas estão se aglomerando para assistir às partidas, principalmente na periferia das cidades.
Fonte: Agência Câmara de Notícias