Vera Cruz

Por Amor a Vera Cruz (Parte3)

O Distrito de Mar Grande vira Vera Cruz e Jiribatuba não se emancipa.

A divisão da cidade de Itaparica em três ( Salinas da Margarida, Vera Cruz e Itaparica) em 1962 não foi algo fácil e tão pouco rápido. O projeto da divisão politica de Itaparica tramitou durante 15 (quinze) anos na Câmara dos Deputados da Bahia. Salinas, o Mar Grande e Jiribatuba que eram distritos de Itaparica neste período, já reivindicavam o processo de emancipação politica.

Existem poucas informações sobre o processo de divisão da cidade de Itaparica e a criação de Vera Cruz e Salinas a não ser, os relatos e memórias de quem viveu e presenciou tal acontecimento.

Com cautela, busquei ouvir diversas pessoas para compreender o processo de desmembramento de Itaparica.

Até hoje, 58 anos depois da divisão, alguns itaparicanos criticam o processo de divisão, pois Itaparica ficou com 15% do território da Ilha de Itaparica. Já os moradores de Salinas da Margarida e Vera Cruz, notaram grandes avanços na emancipação dos distritos.

Então fiquei pensando, como seria a Cidade de Itaparica hoje se não houvesse a divisão? Como estaria Mar Grande ( Vera Cruz ) e seus distritos e até mesmo a cidade de Salinas da Margarida? Estariam melhores em desenvolvimento econômico ou pior do que estavam antes da divisão?

Se o Mar Grande (Vera Cruz) naquela época não tinha a assistência em educação, saúde, segurança da sede Itaparica, imagine como era viver em Salinas.

Ao longo dos anos vários distritos foram surgindo. Alguns distritos mudaram de nomes, outros estavam crescendo como foi o caso de Jiribatuba, Mar Grande e Salinas.

Distrito é um tipo de divisão administrativa, em alguns países, administrados por um governo local. Eles variam muito em tamanho, abrangendo regiões inteiras, ou condados, vários municípios, ou subdivisões de municípios.

No Brasil, os distritos são territórios em que se subdividem os municípios em que existe uma autoridade administrativa, judicial, fiscal, policial ou sanitária, na sua área urbana, podem se subdividir em bairros e na área rural possuir outros povoamentos. Os distritos dispõem cartórios de ofícios de registro civil (ou estarem subordinados a uma comarca), e sediam subprefeituras. Os distritos, na legislação brasileira, sucedem as antigas freguesias do Brasil Colônia. (Wikipedia)

Pelo decreto de 25 outubro 1831 a cidade de Itaparica tinha 3 distritos: Itaparica, Santo Amaro do Catu e Vera Cruz. Já em 1911, o município de Itaparica aparece constituído de 5 distritos: Itaparica, Jaburu, Salinas da Margarida, Santo Amaro do Catu e Vera Cruz.

Em 1937, o município de Itaparica aparece constituído de 11 distritos: Itaparica, Amoreira, Encarnação, Duro, Jaburu, Penha, Ponta Alegre ( Cacha Pregos), Salinas da Margarida, Santo Amaro de Itaparica , Santo Antônio dos Navegantes, Santo Antônio dos Valasques e Vera Cruz. (Dados da Biblioteca do IBGE)

Pelo decreto estadual nº 11089, de 30-11-1938, o município de Itaparica sofreu as seguintes modificações: o distrito Ponta Alegre tomou a denominação de Cacha Pregos, Santo Amaro de Itaparica ( Jiribatuba) a chamar-se São Lourenço, Duro tomou o nome de Mar Grande, Penha teve seu topônimo alterado para Vera Cruz, Salinas da Margarida para simplesmente Salinas e o distrito de Vera Cruz foi extinto.(Dados da Biblioteca do IBGE)

Do período de 1939 a 1943, o município de Itaparica é constituído de 6 distritos: Itaparica, Cacha Pregos (ex-Ponta Alegre), Mar Grande (ex-Duro), Salinas, São Lourenço (ex-Santo Amaro de Itaparica) e Vera Cruz (ex-Penha). (Dados da Biblioteca do IBGE)

Pelo decreto estadual nº 141, de 31-12-1943, retificado pelo decreto estadual nº 12978, de 01-06-1944, os distritos de São Lourenço, Salinas e Vera Cruz passaram a chamar-se, respectivamente, Jiribatuba, Salinas da Margarida e Vera Cruz de Itaparica. (Dados da Biblioteca do IBGE)

Em divisão territorial datada de 01-07-1950, o município de Itaparica é constituído de 6 distritos: Itaparica, Cacha Pregos, Jiribatuba (ex-São Lourenço), Mar Grande, Salinas da Margarida (ex-Salinas), Vera Cruz de Itaparica (ex-Vera Cruz). (Dados da Biblioteca do IBGE)

A lei estadual nº 1755, de 27-07-1962, desmembra do município de Itaparica o distrito de Salinas da Margarida. Elevado á categoria de município.

No mesmo ano e mês pela lei estadual nº 1773, são desmembrados do município de Itaparica os distritos de Vera Cruz, Cacha Pregos, Jiribatuba e Mar Grande (ex-Vera Cruz de Itaparica), para constituir o novo município com a denominação de Vera Cruz (ex-Mar Grande).

A divisão política da Ilha de Itaparica em dois municípios foi nomeada de “mutilação” pelo escritor Ubaldo Osório (1979), que desde o período da tramitação do projeto pela Câmara dos Vereadores já causava alvoroço e preocupações em relação à forma como o território da Ilha de Itaparica seria então dividido.

Existem rumores que o atual distrito de Jiribatuba que já foi chamado de São Lourenço, Santo Amaro de Itaparica e Santo Amaro do Catu, também reivindicava sua emancipação, mas no entanto, não ocorreu. Se tivesse ocorrido, hoje teríamos uma ilha dividida em três cidades: Vera Cruz, Jiribatuba e Itaparica.

O Pai de Vera Cruz – José Eloy de Carvalho

Os moradores do distrito do Mar Grande, queriam a divisão política, pois sentiam falta dos investimentos públicos nesta parte da Ilha de Itaparica que era abandonada. Existia no Jaburu uma escola, chamada de Escola Rural do Jaburu, cuja primeira professora foi a professora Raimunda Sacramento Veloso da Silva, nascida em 21 de julho de 1912.

A professora Raimunda iniciou sua vida no magistério na Escola Rural do Jaburu na década de 30, antes da emancipação politica de Vera Cruz. Neste período Mar Grande não tinha energia elétrica nem água encanada. Sem hospital, os partos eram feitos pelas parteiras na casa da própria grávida.

O Coronel José Eloy de Carvalho, líder político que encabeçou a emancipação politica de Vera Cruz junto com o deputado Manoel Novaes lutou muito pela criação do novo município . Coronel José Eloy morava no Jaburu, tinha muita influência no governo do estado da Bahia.

Dizem que o Coronel José Eloy empregou dezenas de pessoas do Mar Grande em diversas repartições estaduais: nas delegacias, fóruns, hospitais, escolas e etc.

O escritor Ubaldo Osório (1979) no Livro Ilha de Itaparica – História e Tradição, ressalta que o processo de emancipação política de Vera Cruz ocorreu de forma inconstitucional, pois não houve nenhuma escuta pública para saber dos itaparicamos se eles desejavam a emancipação. Vocês acham que Itaparica iria querer a emancipação de Salinas e Vera Cruz?

O escritor é enfático ao afirmar que o processo de emancipação política de Vera Cruz deu-se unicamente e exclusivamente por força dos vereadores da época. No dia da votação do projeto na Câmara Municipal de Vereadores de Itaparica, foram 5 votos a favor da emancipação, contra um. O Jornal A Tarde de 11 de setembro de 1962, publicou uma matéria com o título: “Itaparica não aceitará a emancipação de Vera Cruz”. A matéria informa a emancipação de Vera Cruz e a votação dos vereadores.

Após a emancipação política de Vera Cruz em 1962, inúmeras tentativas foram realizadas no sentido de cancelar a emancipação de Vera Cruz, sem sucesso.

Asim que houve a primeira eleição para prefeito e vereadores em 09 de Outubro de 1962, a sede da prefeitura e a câmara de vereadores era na Rua do Gaiamum no Jaburu. O Jaburu naquela época era o distrito mais povoado de Vera Cruz.

Mesmo no início da década de 80, o município de Vera Cruz ainda não possuía sede própria para o funcionamento da prefeitura e muitos serviços essenciais para a população eram realizados em Itaparica. Até poucos dias, muitas atividades ainda eram resolvidas em Itaparica como: situações envolvendo a Coelba, Embasa, Cartório, Saúde e Educação.

Em 2020 Vera Cruz completará 58 anos de emancipação política.E hoje, de um simples distrito, Vera Cruz torna-se o centro comercial da Ilha, mas a beleza e a história concentra-se no município de Itaparica.

Fonte:

Livro Itaparica História e Tradição- Ubaldo Osório.
Libro Docência das Água – Silvano Sulzart.
Jornal A Tarde de 1962
Biblioteca do IBGE.
Site Wikipédia

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