A expansão urbana da Ilha de Itaparica, 1959 a 2014
Não distante do projeto de crescimento urbano vigente em boa parte do território brasileiro, a Ilha de Itaparica apresentou taxas significativas de incremento populacional a partir da segunda metade do século XX.
Até o fim do dos anos 1960, segundo Castelluci J. (2005) a Ilha de Itaparica, formada em sua maioria por povos nativos, tinham um modo de vida não muito diferente se comparado ao interior da Bahia, viviam basicamente da pesca, da agricultura familiar, e da coleta de frutas tropicais. Sem infraestrutura, saneamento básico, água encanada, luz elétrica, rede de esgoto, eram artifícios de luxo, realidade não vivenciada nos vários povoados que formavam a Ilha de Itaparica nesse período.
Os anos 1970, marcaram a dinâmica socioespacial e socioeconômica dessa porção do continente. Com a implantação de obras importantes como a construção da Ponte João das Botas (Ponte do Funil), conectando a Ilha ao interior da Bahia; a implantação do Sistema Ferry Boat, ligando a Ilha a capital Salvador; e a construção do trecho rodoviário BA-001, que corta a Ilha de um estreito a outro, notou-se crescimento urbano, que pode ser verificado em números.
Segundo dados do IBGE, em 1960 a população total da Ilha de Itaparica era de 19.553 habitantes, sendo que desse percentual, a maioria ainda residia no espaço rural; em 1970 a população da Ilha compreendia um público de 20.394 habitantes. Comparando as duas décadas supracitadas, observa-se um crescimento populacional muito tímido, indicando apenas um crescimento vegetativo.
Na década de 1980, período em que o censo demográfico do IBGE foi realizado, no contexto socioespacial da Ilha já se verificava a implantação de sistemas de acesso ao lugar, os números já revelam um significativo crescimento populacional e crescimento urbano, pois dos 24.620 habitantes desse período, 22.399 pessoas já habitavam os centros urbanos dos dois municípios, Vera Cruz e Itaparica.
Os censos seguintes continuaram a apresentar crescimento urbano, graças ao crescimento vegetativo e ao movimento migratório que se verificava neste território, sobretudo, de pessoa vindas do Recôncavo Baiano. Em 1991, a população total da Ilha era de 37.191 pessoas; nos anos 2000 esse quantitativo era de 48.695; já em 2010 cerca de 58.292 habitantes já povoavam esse território (IBGE, 1991 a 2010).
No entanto, comparando o crescimento urbano entre os municípios de Vera Cruz e Itaparica a partir de dados do IBGE (1960 a 2010), levando em conta os períodos e a taxa geométrica de crescimento populacional respectivamente de Itaparica: 1960/70, 1970/80, 1980/91, 91/2000, 2000/2010 0,77 – 2,63 – 3,00 – 2,59 – 0,90; e de Vera Cruz: considerando os mesmos períodos acima mencionados 0,19 – 1,36 – 4,43 – 3,34 – 2,36, observa-se que até os anos de 1970, Itaparica tinha um crescimento populacional bem mais dinâmico que Vera Cruz; Já a partir de 1980 Vera Cruz passa a apresentar em seus números um crescimento populacional bem maior do que Itaparica.
Assim, durante as últimas décadas do século XX, como pode ser observado nos mapas abaixo, notou-se um crescimento populacional na Ilha como um todo, principalmente em direção a orla dos dois municípios, Itaparica e Vera Cruz.
Autoria: Ivaneide C. Pitanga, graduada em Geografia (UNEB), Especialista em Mineração e Meio Ambiente (UFRB), mestranda em Geografia – UFBA (Pós-Geo), 2020; Ismael L. Pitanga, graduado em História (UFBA), mestrando em História – UNEB(PPHIS).
(Memória e História da Ilha de Itaparica)
Referências:
CASTELLUCCI JUNIOR, Wellington. Pescadores da modernagem: cultura, trabalho e memória em Tairu, BA (1960-1990). São Paulo: Anablume, 2005.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico: 1960-2010.
Fonte do mapa: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
Instagram: https://www.instagram.com/p/CC4SliyDxhU/?igshid=g7velmy6adb7
