Mais de 11 mil cientistas fazem alerta sobre emergência climática
Mais de 11 mil cientistas de 153 países se uniram para declarar emergência climática nesta terça-feira (5). Eles assinam juntos um artigo, publicado no periódico “Bioscience”, onde apresentam evidências de que o planeta está em crise.
“Os cientistas têm a obrigação moral de alertar claramente a humanidade sobre qualquer ameaça catastrófica e de ‘dizer como é’. Com base nessa obrigação e nos indicadores gráficos apresentados, declaramos, com mais de 11.000 signatários cientistas de todo o mundo, clara e inequivocamente que o planeta Terra está enfrentando uma emergência climática”, dizem no artigo.
Reprodução de trecho do artigo assinado por mais de 11 mil cientistas em que declaram ‘emergência climática’ — Foto: Reprodução/Bioscience
O documento cita que desde a Primeira Conferência Mundial do Clima, que aconteceu em Genebra em 1979, já se alertava sobre as tendências de mudança no clima. Os mesmos alertas foram dados na Eco 92, no Rio de Janeiro, durante a elaboração do Protocolo de Kyoto, em 1997, e no Acordo de Paris, em 2015.
“No entanto, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) ainda estão aumentando rapidamente, com efeitos cada vez mais prejudiciais ao clima da Terra. É necessário um imenso aumento de escala nos esforços para conservar nossa biosfera, a fim de evitar sofrimentos incalculáveis devido à crise climática”, atestam.
A divulgação do documento ocorre um dia depois de os Estados Unidos notificarem a Organização das Nações Unidas (ONU) e confirmarem a saída do Acordo de Paris, que criou criou metas para que os países consigam manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC. O processo de saída deve durar um ano.
Evidências vão além da temperatura
Os cientistas afirmam que as discussões sobre as mudanças climáticas estão centradas, em sua maior parte, no aumento da temperatura da Terra. Eles apresentam evidências de que é preciso levar em consideração outros parâmetros, como aumento da população mundial e de gado, produto interno bruto mundial, consumo de combustíveis fósseis, emissões de CO2 per capita, entre outros. O relatório cita, inclusive, a perda de cobertura florestal da Amazônia.
A taxa oficial de desmatamento da Amazônia referente ao período que se encerra em 2019 (junho 2018 a agosto de 2019) ainda não foi divulgada, mas os alertas de desmate na área aumentou 203,55% em comparação com o período anterior. De junho a agosto de 2019, a foram 4.892,4 km² sob alerta, enquanto no mesmo período de 2018 foram 1.611,7 km².
“Para garantir um futuro sustentável, devemos mudar nossos modos de vida”, afirmam os cientistas.(G1)