Vera Cruz

Reunião discute cratera em Matarandiba

As possíveis causas para o aparecimento da cratera de Matarandiba, em Vera Cruz, foram debatidas nesta quinta-feira (11). Moradores, Ministério Público, instituições públicas ligadas à mineração, representantes da prefeitura e da empresa Dow Química, mineradora que explora a área há mais de 40 anos, estiveram presentes na audiência pública, proposta pelo deputado estadual Marcelino Galo.

Marconi Barauna, da comunidade de Matarandiba, apontou as principais reivindicações dos moradores. “Precisamos de esclarecimentos sobre a situação da cratera e se essa apresenta riscos para nossa comunidade. Queremos participar das reuniões, audiências e que as informações sejam apresentadas de forma clara e nos convençam de que estamos verdadeiramente seguros”.
Segundo um estudo feito pela Dow Química, a cratera não apresenta perigos para a ilha de Matarandiba. A empresa ainda afirma que tem monitorado continuamente o sinkhole, como é conhecido o fenômeno, com seus equipamentos. Já a comunidade afirma que ouve com frequência fortes barulhos vindos da cratera.
Para Marcelino Galo, a situação requer atenção pois os moradores estão assustados com o aumento da cratera, que atualmente possui 90,7 metros de comprimento, 40,9 metros de largura e 36,4 metros de profundidade. “As pessoas querem a segurança de que não terão suas vidas ceifadas. Nosso papel é alertar os órgãos responsáveis e pedir solução para o problema. Iremos acompanhar de perto os desdobramentos desta audiência pública e cobrar uma resposta aos moradores”.
CPRM
O gerente de Geologia e Recursos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Valter Rodrigues, exibiu dados sobre o sinkhole e suas causas. “Falta de monitoramento, mineração desenfreada, geologia do lugar mal entendida, falta de planejamento. Todos esses são fatores que podem ter ocasionado a cratera de Matarandiba. Precisamos agora de mais estudos para saber quanto de cada elemento causou este problema para projetar melhor o futuro e evitar novas ocorrências”.
O representante da Defesa Civil da Bahia, Paulo Luiz, ressaltou a necessidade de um plano de contingência para todas as cidades, a fim de trazer mais segurança aos moradores. O professor da Universidade Federal da Bahia, Miguel Accioly, responsável por pesquisas marinhas na Ilha, apontou que as atividades de mineração da Dow Química interferem na dinâmica ambiental local. “A Dow já aterrou um canal, que era utilizado para a pesca e mariscagem da ilha, se apoderou de nascentes, nessas mais de quatro décadas de trabalho. A empresa não pode afirmar que não há riscos para a comunidade se ainda desconhece as causas da cratera”, disse.
O Inema, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia, suspendeu as licenças da Dow Química para perfuração de novos poços até que os estudos sobre a cratera na Ilha sejam concluídos.
Participaram ainda da audiência Drª Eduvirges Tavares, Procuradora de Justiça da Comarca de Itaparica; Priscila Veloso, Diretora de Meio Ambiente de Vera Cruz; Marcos Machado, diretor de fiscalização Ambiental do Inema; Welton Rocha, chefe de gabinete do Inema; Marcelo Braga, diretor de Operações da Dow Química; Drº Vladimir Ferreira, Defensoria Pública da União e Paulo Magno, da Agência Nacional de Mineração

(Nativa)

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