Torços e turbantes marcam presença na Casa do Benin a partir desta quinta (28)
Com demonstração ao vivo de amarração de turbantes, a quarta edição da exposição “Coroa de Ouro”, integrante do Festival da Cidade, será aberta nesta quinta-feira (28), na Casa do Benin, localizada na Rua Padre Agostinho Gomes, 17, Pelourinho, a partir das 19h.
Idealizada pela hair design afro e estilista Negra Jhô, que estará presente na abertura, os visitantes poderão conhecer um pouco mais do universo dos torços e turbantes, através das 21 obras expostas. A visitação, que é gratuita, ficará aberta ao público até o dia 30 de abril, sempre de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h.
“Esse trabalho representa a minha vida. Todos os turbantes têm um pouco de mim. Através deles serão contadas histórias da nossa realidade. É a representação da autoestima e uma homenagem à nossa cultura, nossa arte, às mulheres e a toda nossa memória. É uma valorização da nossa ancestralidade”, declara Negra Jhô. Ela deseja que a exposição atravesse o mundo para que muitas outras pessoas possam conhecer a nossa história.
“Os torços e turbantes remetem a forte ligação de Salvador com a África. Essa exposição é muito pertinente, pois, além de celebrar os 470 anos da cidade, ressalta os aspectos e estreita os laços da afrodescendência, tão presente, importante e transformadora para os baianos”, afirma o gerente de espaços culturais da Fundação Gregório de Matos (FGM), Chicco Assis.
O público que for à Casa do Benin também poderá conferir a mostra permanente, formado por um rico acervo de imagens capturadas pelo fotógrafo Pierre Verger em expedições feitas à ao país africano.
Perfil – Valdemira Telma de Jesus Sacramento, mais conhecida como Negra Jhô, nasceu no quilombo da Muribeca, distrito de São Francisco do Conde. Desde cedo, desenvolveu o dom da arte das tranças, torços e turbantes, criados de forma genial por ela. É filha de Ogum com Iansã. Mulher guerreira, que chegou ao Pelourinho no final dos anos 1970 e fez uma revolução, contribuindo de forma eficaz para a emancipação da identidade negra.
Precursora do empoderamento do cabelo natural, contribuiu para a transformação do modo como homens e mulheres negros olhavam para a própria estética. Negra Jhô realiza o seu trabalho no salão Negra Jhô Penteados Afro, localizado na ladeira de São Miguel, 4, no Pelourinho.
SECOM