Parar com o desmatamento no Brasil é uma questão de sobrevivência econômica
Durante a Conferência do Clima da ONU, na Polônia, o coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil, Márcio Astrini, afirmou que o desmatamento desenfreado pode afetar futuramente as reservas de água do país, já que muitas estão no Cerrado, região com altos índices de desmatamento. “A destruição dessa biosfera vai comprometer a questão hídrica brasileira, a biodiversidade e também causará alterações no clima e nas emissões de gás de efeito estufa”.
A preocupação do coordenador é justificada. De acordo com um artigo de pesquisadores do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (ISS) e de outras instituições de pesquisa, divulgados no ano passado, mostram que o Cerrado perdeu 46% da vegetação nativa. Se esse índice de destruição for mantido, pode ocasionar a maior extinção de plantas da história e, consequentemente, agravar a seca em diversas regiões do país.
No entanto, a derrubada de árvores no Brasil não se restringe apenas à região Centro-Oeste. Segundo dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a taxa de desmatamento na Amazônia atingiu seu maior nível nos últimos dez anos, com 7.900 km² de floresta desmatada. O alto índice de desmatamento acentua um acréscimo de quase 14% em relação aos anos de 2016 e 2017.
Combate ao desmatamento
O compromisso estabelecido no Acordo de Paris prevê que o Brasil deve eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia e promover a recuperação de 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Contudo, o documento não reflete a realidade, levando em conta os resultados obtidos até o momento.
O governo brasileiro reconhece a complexidade de levar adiante a redução das emissões e enfatiza a importância do diálogo, de forma que o consenso leve a soluções que possam ser aplicadas ao conjunto da economia. Em 2016 e 2017, o país reduziu aproximadamente 2,6 bilhões de toneladas de CO² na atmosfera.
Segundo Astrini, a ação que o Brasil deve tomar ao combater o desmatamento não é fácil, porém não tão complexa se comparada com outros países. “Tem que zerar o desmatamento imediatamente, tanto na Amazônia como no Cerrado, porque nestes locais estão grande parte das nossas emissões”, diz. Segundo o coordenador do Greenpeace, manter a floresta intacta é mais fácil do que trocar a matriz energética, uma tarefa de outros grandes 10 emissores globais, nações que nem sempre têm alternativas na redução de emissões, como o Brasil.
Além do benefício ambiental, Astrini completa que é vantajoso parar com o desmatamento também do ponto de vista econômico. “Recuperar essas áreas é extremamente importante para a manutenção das espécies, dos serviços ambientais, dos aquíferos, rios e também para a agricultura, já que essa manutenção influencia a qualidade do solo e da produção agrícola.”
O amanhã é hoje
Durante um evento realizado hoje (06), no Espaço Brasil na COP24, representantes do Greenpeace Brasil lançaram o webdocumentário “O Amanhã é Hoje”, que retrata a vida de seis brasileiros em diferentes estados e regiões do país que tiveram as suas vidas impactadas pelas mudanças climáticas. O filme mostra como a preservação da floresta é importante para o futuro.
Fabiana Alves, coordenadora do Greenpeace Brasil em mudanças climáticas e porta-voz das sete organizações integrantes da produção, conta que a realização do webdocumentário surgiu porque as instituições viram a necessidade de mostrar para todos que as pessoas no Brasil já estão sendo afetadas com as mudanças climáticas. “Queremos mostrar a importância de preservar a Amazônia para que haja a redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil e manutenção das mudanças de clima”. Na opinião de Fabiana, o filme coloca que não é apenas o meio ambiente que está sendo afetado, mas também os direitos de cada pessoa.
O lançamento também contou com relatos de Nara Soares Martins, coordenadora geral da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e pertencente ao povo Baré, da Amazônia. Nara afirmou que os cientistas confirmam teorias que as comunidades tradicionais falam há anos, demonstrando que os conhecimentos de seu povo também contribuem para o equilíbrio do clima.
“Os nossos territórios são a amazônia, a caatinga, o cerrado, a mata atlântica. Muitos falam que os povos indígenas e as comunidades tradicionais são os guardiões da floresta e do clima. Mas nós não somos os guardiões de floresta, de água, de nada. Esses espaços são nosso lar”, declara.
Fabiana ressalta que o documentário tem como objetivo tirar o debate dos fóruns internacionais para pressionar os governos e conscientizar a todos de forma a contribuir para meio ambiente. “Queremos mostrar como os brasileiros estão sendo afetados pelas mudanças climáticas, tendo perdas econômicas e correndo riscos de vida por causo do aumento da temperatura global”.
*Luchelle da Silva Furtado, 19 anos, cursando jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo. Atualmente faz estágio na Redação Multimídia da Universidade Metodista de São Paulo no portal do Rudge Ramos Online http://www.metodista.br/rronline/ e realiza produções de áudio, vídeo e texto. Participa como locutora do podcast A Chapelaria, que fala sobre histórias de futebol. Realiza uma Iniciação Científica na revista Comunicação & Sociedade, da Universidade Metodista, sobre os 40 anos de existência da publicação. Cobrindo a COP24, em Katowice, em uma missão acadêmica e profissional.
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*Giulia Requejo Simões de Araujo, 19 anos. Estuda jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo. Atualmente faz estágio no Rudge Ramos Online http://www.metodista.br/rronline, a redação integrada na universidade. Escreve sobre esporte nacional e internacional para o portal online Desporto Clube e é assessora do time Embaixadores do Futsal, com sede em Santos. Cobrindo a COP24, na Polônia, para veículos como a revista Envolverde, Carta Capital e o portal BOL.
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