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Grupo Libra renovou concessão com o governo mesmo devendo R$ 2 bilhões

O Grupo Libra, que atua no setor de portos, foi ao único beneficiário até agora de uma mudança na chamada “MP dos portos”. Relação de empresas do setor com o políticos é alvo de investigação por suspeita de pagamento de propina, incluindo o presidente Michel Temer.

Mesmo devendo mais de R$ 2 bilhões à Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a empresa prorrogou contratos de concessão, graças a uma mudança de última hora no texto aprovado em 2015.

O texto inicial proibia empresas devedoras de celebrar ou renovar contratos de concessão. Mas depois de muita negociação, o texto final permitiu a renovação a partir de uma arbitragem da dívida, uma negociação fora da Justiça.

Em delação premiada, o operador do MDB, Lucio Funaro, afirmou que essa arbitragem foi uma mudança feita sob medida, com participação ativa do ex-deputado Eduardo Cunha, preso em 2016, e a pedido de Michel Temer.

Temer já negou à PF irregularidades e disse que não pediu a seu então assessor, Rodrigo Rocha Loures, que acompanhasse as questões do setor de portos ou pedidos de empresários.

Operação Skala
Na última quinta-feira (29), Celina Torrealba, uma das donas do Grupo Libra, foi presa na Operação Skala, junto a amigos de Temer, ex-ministro e empresários.

Rodrigo Borges Torrealba, Ana Carolina Borges Torrealba Affonso e Gonçalo Borges Torrealba, outros acionistas do Grupo Libra, tiveram mandados de prisão na operação, mas estão no exterior.

Investigadores passaram o sábado analisando arquivos de computador, anotações e a contabilidade das empresas investigadas. O cruzamento desses dados pode levar a repasses de dinheiro e possíveis beneficiários.

A suspeita é que empresas do setor portuário possam ter sido favorecidas pelo decreto dos portos, que teria sido assinado pelo presidente Michel Temer no ano passado, em troca de pagamento de propina.

Esses dados vão embasar o relatório do inquérito, que deve ser concluído pela PF até o final de abril – mas pode ser prorrogado. A Operação Skala está rastreando quando começou a relação das empresas com amigos de Temer.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirma haver fortes indícios de um esquema de benefícios que durou mais de 20 anos.

O Grupo Libra informou por meio de nota que “está prestando todos os esclarecimentos à Justiça, e que uma de suas acionistas já depôs à Polícia Federal. Maiores informações serão dadas após integral acesso aos documentos da investigação, o que, até o momento, não foi disponibilizado aos advogados da empresa.”(G1)

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