Crianças podem ficar no celular?
As novas gerações já nasceram imersas no mundo digital, o que dificulta a proibição. A psicóloga infantil e familiar Carol Braga, explica que, a partir do momento em que uma criança possui um celular ou tablet, a relação de comunicação que ela tem com os outros muda de forma considerável. Por isso, em vez de de proibir, é importante monitorar e supervisionar a utilização desses aparelhos eletrônicos .
Quando a questão é restringir o uso, tudo depende da idade e da evolução da criança. Carol recomenda fazer alguns combinados com as crianças e estipular regras para evitar o uso excessivo, além de orientá-las sobre os benefícios e riscos dessa realidade. E isso também serve para quando o assunto for acesso à internet.
“A era do acesso móvel deve ser a grande preocupação na hora de colocar um smartphone ou um tablet nas mãos das crianças. A partir do momento em que a rede migra para um dispositivo como esses, a possibilidade de usar a internet sem acompanhamento de um adulto aumenta bastante e, por esse motivo, os pais devem sempre monitorar e supervisionar a utilização desses aparelhos pelos pequenos”, afirma a especialista.
Se a dúvida for sobre qual é a idade certa para presentear seu filho com um aparelho eletrônico, a resposta também pode variar de acordo com a criança. “Uma boa medida é avaliar se o aparelho é realmente necessário. Se o seu filho já mantém uma vida social intensa, dorme na casa dos amiguinhos ou fica sozinho no clube, por exemplo, talvez já seja a hora”, explica ela.
Tratos e regras
Entre algumas das recomendações que podem servir de auxílio na hora de limitar o uso de um aparelho eletrônico, a psicóloga infantil indica ensinar a utilidade daquela técnologia. “Ensine que o aparelho deve ser utilizado apenas para dar recados e fazer chamadas de urgência e mostre alternativas”, sugere Carol. Uma dica é explicar que existem diferentes tarifas cobradas em cada situação. “Ligar da sua casa para um amiguinho que está perto de um aparelho fixo, por exemplo, pode ser mais barato e até confortável e, como primeira opção, sempre proponha que se encontrem, brinquem juntos e priorizem o ‘ao vivo'”, afirma.
Determinar em que momento e por quanto tempo a criança pode ficar mexendo no aparelho ajuda a limitar o tempo de uso dos equipamentos digitais. Carol ressalta que é essencial usar os eletrônicos apenas como suporte e não como apoio, além de tentar manter os hábitos e as horas de sono para descanso cerebral e corporal.
Outra sugestão é sempre incentivar a interação com a família e outras crianças, onde os laços emocionais e a comunicação são estimulados. “Também é recomendado não permitir o uso no momento da refeição, — seja em casa, seja em restaurantes. Esse é um momento que possibilita grande interação familiar e o equipamento eletrônico compromete a atenção e interação social entre todos”, afirma. Na escola, é preciso avaliar a necessidade de levar o celular. “A maioria das escolas não permite o uso do aparelho dentro da sala de aula, claro. Caso seja necessário, oriente para que só faça e atenda chamadas no intervalo ou no horário da saída”.
Além disso, é muito importante visar a segurança da criança. Ensinar que o número do telefone e as senhas virtuais não podem ser dadas a qualquer um e orientar também quanto ao envio de fotos e outras informações para pessoas desconhecidas através de mensagens.
Monitorando
Quando a preocupação está relacionada ao acesso de conteúdo nas redes, a profissional indica sempre explicar sobre quais são os sites mais apropriados de acordo com a idade, o desenvolvimento e a maturidade de cada um. Mesmo que existam tecnologias avançadas, como filtros e sistemas de segurança que bloqueiam mensagens proibidas ou inseguras e permitem que os conteúdos acessados pelos filhos sejam monitorados de qualquer local, a recomendação ainda é a conversa. “Um diálogo aberto e respeitoso com a crianças ou adolescente pode ajudar a transmitir valores importantes que os pais desejam que perdurem ao longo do tempo na vida de seus filhos”, diz a profissional.
Benefícios e males da tecnologia
De acordo com Carol, o uso abusivo das tecnologias também pode prejudicar a saúde da criança. “Dores na nuca, nos olhos e nos polegares, assim como desconfortos musculares, podem ser sinais de excesso de uso dos eletrônicos, além disso, caso não sejam estabelecidos limites, a tecnologia pode atrapalhar a qualidade de sono e rendimento dos pequenos”, avisa a especialista.
Por outro lado, os benefícios e os aspectos positivos da tecnologia são inegáveis, simplificando a vida e ajudando no cotidiano, fornecendo informação, cultura, educação, inclusive nas escolas. A profissional afirma que usar aparelhos eletrônicos possibilita que a criança crie senso crítico, estimule a criatividade e o raciocínio, lide com desafios e adquira visão estratégica.
Filho de peixe, peixinho é
As crianças seguem exemplos, certo? Sendo assim, o melhor jeito de incentivar o uso moderado é que os pais também procurem um equilíbrio na hora de utilizar os equipamentos. “Lógico que como adulto você tem mais liberdade, mas respeite as regras que impõe. Evite usar nas refeições e nos momentos íntimos da família”, diz a psicóloga. Carol reafirma que a cumplicidade entre pais e filhos, a orientação e a conversa aberta são as melhores formas de manter a segurança da criança e uso dos aparelhos eletrônicos de forma saudável, seja do computador, do telefone celular, dos videogames, tablets ou de qualquer outra tecnologia.
Fonte: iG