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Palhaços se apresentam em espaços públicos através de Edital Arte Todo Dia

Eles são a alma dos espetáculos circenses, vestem-se de maneira diferente, fazem gracejos, por vezes combinados com malabarismos, visando apenas um objetivo: divertir a plateia. E não importa a idade. Pode ser criança, jovem, adulto, idoso, não há quem resista às galhofas de um palhaço trapalhão. Para a artista Luiza Bocca, 31 anos, que já atua há uma década como palhaça em Salvador, “o riso é uma grande potência transformadora”. Ela e mais dois colegas da área, a diretora artística Luana Serrat e o palhaço Marcos Lopes, fazem parte do projeto Arriscando a Sorte, que foi contemplado neste ano com o Edital Arte Todo Dia – Ano III, da Fundação Gregório de Mattos (FGM).
O recurso obtido através do prêmio, na faixa de R$ 10 mil, ajudou o trio a desenvolver a circulação do espetáculo circense de rua na capital baiana. “A arte, para ter uma continuidade, precisa de financiamento dos governos, porque infelizmente a gente não consegue sobreviver da plateia. O público não tem essa formação de pagar um valor para ir ao teatro para assistir a uma peça. Por isso precisamos de financiamento das esferas públicas, até porque arte é educação”, confessa Luiza.
A peça do projeto Arriscando a Sorte, encenada por Luíza e Marcos foi apresentada no último final de semana nos parques da Cidade, São Bartolomeu, Pituaçu e na Feira Hype, em Stella Mares. As apresentações foram gratuitas, destinadas a um público de todas as faixas etárias. A sinopse do show revelou para a plateia toda a alegria, dor, fracasso e triunfo de trabalhar no picadeiro. Tudo numa linguagem cômica, mesclada com performances técnicas que envolveram trapézio, acrobacia e malabarismo.
“Montar esses espetáculos em espaço público gratuitamente só foi possível por conta do financiamento do edital. Primeiro que precisamos de dinheiro para treinar, para contar com cenário, figurino, arte gráfica, divulgação… Se não fosse por esse recurso não conseguiríamos”, acrescenta Luiza. Ela, Marcos e Luana se envolveram durante quatro meses em ensaios no Circo Picolino, localizado em Pituaçu. Por lá, encontraram cerca de 50 crianças envolvidas num projeto social de aula de circo e decidiram compartilhar saberes. “A ideia foi unir essa troca e compartilhar um pouquinho o nosso processo com eles”, conta.
O Dia Universal do Palhaço, no próximo domingo (10), será comemorado com satisfação pelo grupo circense, que mesmo sem receber uma remuneração satisfatória, pôde espalhar alegria e arrancar risos em diversos locais públicos do município. Para o artista Marcos, 27 anos, que atua há cinco anos como palhaço, a atividade é uma vocação. “Já fui garçom, publicitário, serralheiro e outras coisas, mas percebi que não era feliz fazendo tudo isso. Primeiro vem a sua própria felicidade, antes de fazer alguém rir. Não escolhi ser palhaço, fui escolhido”, enfatiza.
“Eu acredito que a transformação tem que vir pelo riso, pela alegria e pelo amor. E o palhaço tem esse viés. Escolhi essa profissão porque eu sei que posso fazer a diferença através do humor.  Posso falar de questões afetivas, respeito, como também de questões políticas, alcançando um número maior de pessoas. O riso é humano e aproxima as pessoas”, acredita Luiza.
Editais – Muitos projetos culturais só se tornam possíveis através de editais. Artistas e produtores costumam recorrer a este artifício para tirar do papel um projeto autoral, tornando viáveis trabalhos que não se concretizariam se contassem apenas com recursos próprios. Em Salvador, a Fundação Gregório de Mattos (FGM) é um dos órgãos responsáveis por lançar editais artístico-culturais no intuito de dar continuidade à política de fomento, promoção e difusão da produção na cidade. Atividades de circo estão entre as categorias beneficiadas.
Desde 2013 para cá, pelo menos 15 propostas do segmento foram contempladas através dos editais Arte em Toda Parte e Arte Todo Dia, a exemplos dos projetos Pé de Circo no Parque, que realizou cursos de formação de palhaço, espetáculos e cortejos andantes na Lagoa do Abaeté, Parque de Pituaçu e Parque são Bartolomeu; e o Fome de Circo que reuniu números de malabaristas, acrobatas, palhaços e monociclo no entorno do Campo Grande. O limite de verba investido em cada projeto variou conforme o estipulado nos editais. O Arte Todo Dia, por exemplo, subsidiou, este ano, projetos em três faixas de valores: R$ 10 mil, R$ 20 mil e R$ 30 mil.
SECOM

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