O fantasma de Sarney assusta Temer
Há varias razões para que o governo do presidente Michel Temer ainda se mantenha. A mais importante: o pouco tempo que resta para que ele ceda lugar ao próximo. Não custa esperar até outubro quando o novo presidente será eleito. Outra razão: não haveria candidatos prontos para sucedê-lo desde já.
Mas há uma terceira razão para que ele vá adiante. Temer ofereceu-se como capaz de fazer as reformas que o país reclama, e que político algum com chances de se eleger presidente gostaria de fazer. Ou você imagina que Lula, Alckmin, Marina e Bolsonaro e Ciro tentarão se eleger prometendo reformas?
Reformas que doam no bolso do eleitor – e essas tais doem e continuarão doendo por muito tempo – subtraem votos aos candidatos, não acrescentam. Então que Temer aproveite sua popularidade rarefeita para promovê-las antes das eleições de 2018. Até porque depois não haverá futuro para ele.
Daí o empenho de Temer em aprovar a reforma da Previdência mesmo sabendo que as dificuldades serão grandes. Falou que ela seria votada no último dia 6. Marcou para que seja no dia 18 do mês em curso, quase na véspera do início do recesso de fim do ano do Congresso. Se não for, marcará para um dia qualquer de fevereiro.
O dia 18 foi escolhido porque falta ao governo votos para aprovar a reforma antes disso. Se não marcasse uma data para votação, deixaria claro que não tem votos e que não terá. Mas o governo sabe melhor do que ninguém que em 2018 pouco ou nada se votará de importante e polêmico no Congresso.
Tão ligado ao ex-presidente José Sarney como é, Temer quer distância dele quando lembra como Sarney terminou o seu governo. Terminou com uma economia no bagaço, mas não só. O último ano de Sarney no governo foi de total irrelevância. Ele virou o saco de pancada dos candidatos ao seu lugar. Temer quer fugir disso.