Crianças da comunidade Guerreira Zeferina vão ao cinema pela primeira vez
O clima frio ao entrar no Shopping Salvador – acompanhada de mais 25 amigos, todos da Comunidade Guerreira Zeferina – foi o primeiro item que chamou a atenção da pequena Helen Soares Santos, de apenas 8 anos. “Estou muito, muito feliz”, afirmou Helen, encantada com as luzes do centro de compras e com medo de subir na rampa de acesso ao andar onde o cinema fica localizado.
Helen e as outras crianças foram pela primeira vez ao cinema através do projeto de ações sociais realizado pela Prefeitura com os membros da comunidade Guerreira Zeferina, que dá lugar a um condomínio habitacional para os moradores que outrora residiam em casas improvisadas. As ações, que envolvem desde cursos profissionalizantes a momentos de promoção da autoestima e valorização pessoal, como esta visita ao cinema, ocorrem por meio da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF).
O filme escolhido para a imersão dos pequenos no universo cinematográfico foi “A Guerra dos Botões”, lançado em 2012 e que tem como plano de fundo a história de crianças que vivem em uma aldeia ao sul da França, em meados dos anos 1960. Para acompanhar a turma na sessão, cinco mães voluntárias se disponibilizaram a auxiliar no passeio com o apoio de mais quatro assistentes sociais.
“Nesse conjunto de ações que estamos fazendo até eles retornarem para a comunidade, ficamos sabendo que estava havendo o Festival de Cinema Infantil e tivemos a ideia de trazemos eles para assistir a um filme, já que as crianças nunca entraram no cinema e tinham possibilidade mínima de vir”, explicou a titular da FMLF, Tânia Scofield, que acompanhou de perto a experiência.
A gestora explicou que antes de saírem da comunidade, para que as obras tivessem início, o único espaço disponível para lazer que as crianças tinham era um campo de barro, disputado entre eles e os adultos. “Acho que isso tem um impacto grande agora, e grande no futuro também, já que esse momento vai estar na memória deles por muito tempo. A chance de uma experiência dessa pode despertar o gosto pela arte, e isso é maravilhoso”, pontuou.
A gerente geral da Avsi Brasil, Lareyne Almeida, responsável pela organização dos projetos sociais executados na Guerreira Zeferina, contou que a iniciativa não estava prevista nas ações que seriam realizadas com os cidadãos da comunidade, mas que o grupo percebeu uma boa oportunidade para tirar as crianças do seu local de origem e proporcionar a elas uma experiência lúdica. “O cinema transmite a percepção de outra realidade, e é esse trabalho que a gente quer fazer”, pontuou a gestora.
Histórico – Assim que a Prefeitura decidiu pela realização do projeto Guerreira Zeferina, técnicos do município começaram a se reunir com a comunidade para trabalhar em conjunto e discutir a elaboração e o andamento da proposta. Em setembro de 2014, foi concluído o cadastramento de todos os moradores e o selamento dos terrenos, residências, construções, comércio e templos religiosos existentes na área.
Durante o processo, a comunidade sempre esteve representada por um comitê formado por oito moradores, lideranças reconhecidas, e foi amplamente informada sobre as garantias para as famílias cadastradas e os critérios de elegibilidade para recebimento da unidade habitacional. E passou a atuar como parceira da Prefeitura, alertando aos que chegaram depois sobre a inutilidade de construir novas casas na tentativa de obter uma unidade do projeto.
Em novembro de 2015, a Prefeitura contratou a Avsi Brasil, uma Organização Social de Interesse Público com larga experiência no Subúrbio Ferroviário, para a execução do trabalho de acompanhamento social com a relocação dos moradores durante o período da obra, monitoramento e avaliação da ação e promoção de cursos de qualificação e geração de emprego e renda.
O Guerreira Zeferina é um projeto da Prefeitura de Salvador, realizado pela Fundação Mario Leal Ferreira (FMLF), Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps),Secretaria da Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) e Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop), sob coordenação da Casa Civil, com projeto social executado pela Avsi Brasil. O projeto tem custo de R$ 21 milhões, bancado integralmente com recursos do tesouro municipal.