Política

Sessão especial na Assembleia marca os 10 anos do Neojiba

Não chegou a ser um concerto, mas música não faltou na sessão especial que celebrou na Assembleia Legislativa os dez anos dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba). Com direito a apresentação do coro juvenil do projeto, que cantou músicas como Trem das Onze, de Adoniran Barbosa, e Banzo Maracatu, de Dimas Sedícias, acompanhado de piano, o evento proposto pela deputada Maria del Carmen (PT) encantou as pessoas que compareceram, na manhã de ontem, ao plenário da Casa.
E se as apresentações deram um tom especial à sessão, os depoimentos sobre o projeto, criado pelo maestro e pianista Ricardo Castro em conjunto com o Governo da Bahia na gestão de Jaques Wagner, provocaram reações emocionadas. A começar pela própria fala de Ricardo Castro, que lembrou o início do Neojiba, que por meio da prática musical coletiva, atende atualmente mais de 4,6 mil crianças e adolescentes no Estado.

“Ter um ideia é algo que não me custa muito, todos os dias acordo com uma. O problema é encontrar pessoas que vão realizá-las”, iniciou Castro o seu discurso. E, ao ter a ideia de criar o Neojiba, inspirado num projeto social venezuelano, o maestro procurou o amigo e diretor teatral, Márcio Meirelles. “Plantei essa semente”, contou ele, na sessão especial que contou com a presença do ex-governador da Bahia, Roberto Santos.

Logo depois Meirelles assumiu a Secretaria de Cultura do então governador Jaques Wagner e ligou para Ricardo Castro, nessa época morando na Suíça para colocar a ideia enfim em prática. “Ele convenceu Jaques Wagner a criar o Neojiba e precisou me convencer também, porque sempre fui pianista”, acrescentou Castro, lembrando que precisou sair ainda muito cedo da Bahia para se dedicar a carreira. “A violência da juventude é essa: ter que deixar a família, os amigos, as namoradas, tudo aquilo do que mais gosta para se tornar um profissional melhor”.

 

CRIAÇÃO

Mas o maestro sentiu sinceridade e confiança nas palavras de Meirelles e assim nasceu o Neojiba. “Nunca tive dúvidas do apoio da Secretaria da Cultura e do Governo da Bahia para que essa ideia desse certo”, afirmou. E deu mesmo, conforme os dados apresentados por Maria del Carmen no discurso que abriu a sessão. “Ao longo destes 10 anos, o projeto comprovou o poder de realização da juventude quando lhe são dadas oportunidades de desenvolvimento. Hoje, o programa conta com um total de 12 núcleos em cinco municípios da Bahia, cujos grupos musicais já realizaram 860 apresentações públicas para pelo menos 500 mil pessoas”, enumerou ela.

Maria del Carmen observou ainda que, além de aulas de música, o Neojiba conta com o Atelier Escola de Lutheria da Bahia, produzindo seus próprios instrumentos e realizando serviços de reparação, reforma e manutenção de instrumentos de cordas e sopros. O Atelier também é um centro de formação de luthiers (profissional que trabalha com a construção e manutenção de instrumentos musicais), seguindo os mesmos princípios e valores do Programa, entre eles o efeito multiplicador e a integração social.

Ainda segundo ela, o Neojiba promove também a formação em áreas técnicas e em pedagogia musical em seu Núcleo de Gestão e Formação Profissional. O projeto é responsável pelo apoio a 42 filarmônicas de 36 municípios baianos reunidos na Rede de Projetos Orquestrais da Bahia, iniciativa criada pelo Programa em 2013. “O Neojiba é uma conquista da cidadania e já está incorporado à vida de milhares de crianças e jovens, onde muitos deles, em situação de risco social, têm a oportunidade de descobrir seus talentos e encher nossa Bahia de orgulho”, reforçou a petista.

Márcio Meirelles também falou sobre a origem do Neojiba. Ele contou que, quando foi procurado pelo amigo maestro, não tinha ideia de que iria se tornar secretário de Cultura. “Quando fui convidado inicialmente não quis aceitar. O que mudou minha posição foi o Neojiba”, disse ele. Para o superintendente de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos do Estado, Emiliano José, sem uma inciativa política o projeto não existiria. “É preciso lembrar que foi a política cultural dos governos que manteve esse projeto vivo”, afirmou.

Com objetivo de fortalecer mais o Neojiba, Maria del Carmen encaminhou uma indicação ao governador Rui Costa pedindo que o Neojiba seja transformado em política de Estado, a fim de garantir que o programa possa ser continuado e permanente, garantindo o desenvolvimento social das crianças, adolescentes e jovens, de suas famílias e repercutindo na sociedade.

“É sabido que quando os programas são regidos através da política de governo, esses estarão em situação de vulnerabilidade, posto que, havendo mudança do governo, essas políticas públicas podem ser desativadas”, afirmou del Carmen. “Logo, transformar o Neojiba em política de Estado dará a segurança necessária para que o projeto continue com bases firmes, com intensa atuação e imensurável contribuição social”, acredita ela.

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