Política

Bofetada na face

A aprovação de um fundo de R$ 3,6 bilhões para financiamento eleitoral é uma bofetada do Congresso na face da opinião pública.

A indignação não é pela cifra, mas sim pela insensatez da classe política.

Enquanto a população enfrenta o desemprego em massa, as perdas salariais, a falta de segurança e a precariedade de serviços em saúde e educação, o governo continua exibindo o mesmo padrão ostensivo de gastos com propagandas eleitorais, salários e aposentadorias abusivos e práticas financeiras irresponsáveis na busca de governabilidade pelo fisiologismo.

O enorme aparelho de Estado sugere que somos um país com milhões de miseráveis necessitados da ajuda do governo. Mas, quando se examinam os gastos públicos, percebemos as abusivas cifras que devora para sua própria manutenção, tornando-se ele próprio uma fábrica de desigualdades.

Quem nos diz em entrevista ao GLOBO deste fim de semana é o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira: “No Legislativo e no Judiciário, é grande a quantidade de pessoas que recebem acima do teto estabelecido. Ganhar acima de R$ 100 mil é quase o padrão.” Os regimes da Previdência Social aprofundam as desigualdades. “A reforma previdenciária igualaria as aposentadorias dos trabalhadores do setor privado e do setor público.

A distorção está no regime público, que atende a 1 milhão de pessoas e tem déficit de R$ 77 bilhões, enquanto o regime privado atende a 30 milhões de pessoas com déficit de R$ 185 bilhões. Somos todos cidadãos brasileiros, e deveríamos ser tratados da mesma forma pela lei”, registra o ministro. Sem a reforma, temos trabalhadores de primeira classe no setor público e de segunda no setor privado.

Erros e fraudes, segundo estimativas do Tribunal de Contas da União, atingiriam R$ 56 bilhões, quase um terço do rombo previdenciário em 2017. Por que deveriam ser indexados os mais elevados salários e aposentadorias do funcionalismo?

Mereceriam tantos privilégios quando se esvaem as finanças públicas por sua incúria?

Afinal, já blindados pela estabilidade de emprego em meio à roubalheira, a fulminante desaceleração inflacionária elevou o valor real desses elevados salários e aposentadorias. Não queremos ser dirigidos por governantes perdulários e aspirantes à afluência através de cargos públicos .(Blog do Noblat)

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