Saúde

Novo medicamento promove a regeneração natural do dente com cáries

A pesquisa do King’s College foi realizada em roedores. Eles usaram uma esponja de colágeno biodegradável e a embeberam em um composto que continha Tideglusib. A substância estimulou que as células-tronco da polpa dos dentes se multiplicassem para cobrir as cavidades oriundas das cáries.

A esponja se biodegradou após um período, sendo substituída pela dentina restaurada, cobrindo reparos de 0,13mm nos dentes das cobaias.
Para Camillo Anauate Netto (CRO-SP: 18 590), professor de odontologia da Universidade Metropolitana de Santos e da Faculdade de Medicina e Odontologia São Leopoldo-Mandic, embora a pesquisa abra um novo campo a ser explorado, ainda há questões em aberto.
“Trata-se de uma regeneração parcial. Vamos imaginar que eu tenha um dente extremamente destruído e que essa destruição chegou na proximidade da polpa dental, do nervo do dente. Com essa substância, a polpa dental é estimulada a formar mais minerais. Essa formação de minerais compensa esse perfil mais profundo que foi destruído pela cárie. Só que a anatomia dental precisa ser devolvida. Quando você olha um dente íntegro, você vê que ele tem um desenho, sulcos e que ele tem que encaixar nos dentes vizinhos. A restauração devolve forma, função e estética – este resultado final, esse produto não vai fazer”, alerta Camillo.
Leonardo Nitto (CRO-SP: 61 675), cirurgião-dentista da Odontoclinic Santana, também nota limitações no processo. “O novo tratamento repara a dentina, a camada interna do dente, que também é destruída pela cárie. Claro que isso é importantíssimo porque você vai conseguir restaurar o dente naturalmente. Mas o esmalte, que é a camada externa, não é contemplado por esse medicamento”.
A equipe de pesquisadores acredita que em cinco anos o produto já esteja disponível ao público, porém, Leonardo calcula que esse prazo seja maior. “Talvez em dez anos esse tratamento esteja disponível. E talvez no futuro mais distante possamos contar com a possibilidade de fazer um novo dente natural – é um processo complicado, mas já tivemos até a ovelha Dolly [que era um clone de outra ovelha]”, lembra o dentista.
Efeitos colaterais da nova técnica
Ainda é cedo para a ciência apontar os possíveis efeitos colaterais desse método. Porém, por envolver o uso de células-tronco e multiplicação celular, há temores na comunidade científica quanto ao risco do surgimento de tumores cancerígenos.
Como o medicamento já é usado para tratamento de vítimas de doença de Alzheimer, e em dosagens superiores, os pesquisadores defendem que o uso para esse novo fim também se provará seguro.
Como são realizadas as restaurações nos dentes hoje
Após um trauma ou cárie no qual a dentina, ou polpa, do dente fica exposta, o próprio organismo humano tem uma capacidade de regeneração. Porém, essa capacidade é bastante limitada, assim, grandes cavidades causadas pelas cáries são tratadas por meio do tratamento de restauração.
O objetivo da restauração é recuperar tanto a forma quanto a função normal do dente. O profissional irá remover a parte do dente que foi deteriorada pela cárie, limpar a área atingida e preencher a cavidade com um material de restauração.
Hoje, os materiais mais comuns usados no procedimento são resinas compostas e resinas de porcelana, mas há alguns anos eram comuns as restaurações de amálgama (prata) e de ouro.
Um inconveniente do método é que em alguns casos há necessidade de manutenção: a restauração pode vir a cair, manchar, sofrer infiltrações ou se desgastar com o uso. A eventual descoberta de um sistema natural de regeneração dos dentes eliminaria esses riscos aos pacientes.
(Saúde Bucal – iG)

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