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Desencanto político

Desencanto (Foto: Arquivo Google)
A s eleições municipais nos levaram ao mais fundo do que possa ser uma “virada de página” histórica. Mas, além de uma rejeição ideológica, indicam uma inédita descrença no desempenho político no país. Vamos a uma rejeição de 40% dos eleitores ao exercício políticopartidário, somadas as abstenções aos votos em branco e às autoanulações do exercício eleitoral. Há a falar não só de contundente desencanto, como também da proscrição da alternativa de mudança do status quo, representada pelo petismo nas últimas décadas.
O PT desqualificou-se entre os grandes partidos, sem que fosse substituído por qualquer outra legenda como op- ção renovadora. Dentro de um conformismo com a presente inércia política, elegeram-se 47% dos atuais prefeitos, numa ausência de nítida programação inovadora de seus mandatos. Entre os nomes emergentes, as lideranças evangélicas preencheram esse vácuo apoiadas na mobilização religiosa de ida, sonambulicamente, às urnas.
O que sobrou do PT limitou-se à contenda, no segundo turno, do Recife, onde acabou por perder para o PSB, e à vitória em Rio Branco. O esperado arranco de Haddad, em São Paulo, não chegou à disputa com João Doria, mas mostrou a preocupação do atual prefeito em dessolidarizarse com Lula, inclusive nos seus símbolos eleitorais.
Interroga-se como despontará uma nova esquerda, e se vai a lideranças como a do PSOL, na nítida tomada de posição de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, numa perspectiva ideológica, avançando quase solitária, sem rivais emergentes. É de esquerda a maioria dos minipartidos, presos a rigores programáticos, numa utopia reformista, pouco receptiva à coalizão.
Ao desponte do segundo turno, o oposicionismo foi ao ataque generalizado ao PMDB, visto como base do governo Temer, mas sem levar uma nova configuração dos aliancismos para a política à frente. Significativamente, é, não obstante, esse PMDB o partido que emerge majoritário nas câmaras de vereança no país, mas à busca, ainda, de uma liderança para ganhar, ao mesmo tempo, o comando do atual regime.
Sa ímos, também, das presentes urnas com uma clara difração entre Alckmin e Aécio Neves, a se anularem, simetricamente, em São Paulo e Minas, no comando do PSDB. Até onde, diante desse possível impasse, uma esquerda órfã do petismo encontrará a proposta da alternativa? Ou ficaremos, no futuro próximo, prisioneiros dos liberalismos frouxos e exilados, de vez, do que foi a perspectiva da mudança plantada por Lula?
As derrotas estrondosas do PT no seu próprio berço, o ABC, mostram até onde foi a decepção chegada a esse desgosto com a política, como evidenciam, sem volta, as eleições municipais.(Blog do Noblat)

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