“PT precisa fazer reflexão, avaliar seus erros”, afirma José Cardozo
Ex-ministro da Justiça e atual advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo avalia que, após a série de escândalos que culminou no enfraquecimento da petista e no processo de impeachment contra ela, o partido precisa fazer uma reflexão para avaliar seus erros. Foi o que ele afirmou durante entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
“O PT tem um papel na história do Brasil que não pode ser desprezado […] O PT precisa, sem mudar de lado, repensar o seu posicionamento na democracia”, disse Cardozo. O ex-ministro acredita que o partido ganhou fama negativa ao tentar coibir a corrupção, que, para ele, é um dos principais legados do governo de Dilma.
Impeachment
O advogado também falou sobre a reta final do processo de impeachment de Dilma, cujo julgamento se iniciará na quinta-feira (25), avaliando, por exemplo, como positiva a ida da presidente ao Senado para depor, e criticou senadores tucanos que afirmaram que, caso ela esteja presente, irá legitimar o processo que chama de golpe.
“Se fosse correta essa visão, nem advogado deveria ter. Temos de usar o processo para denunciá-lo, usar o golpe para mostrar a farsa que se constrói. Esse é o papel que temos nesse processo se não conseguirmos revertê-lo”, afirmou.
O advogado reiterou a tese de golpe de Estado e a ausência de crime de responsabilidade. Em sua leitura, a presidente é vítima de uma confluência de forças: de um lado, aqueles que não aceitaram ter perdido as eleições de 2014; de outro, aqueles que estão insatisfeitos com o avanço da Operação Lava Jato.
Cardozo disse acreditar que Dilma também sofreu com um conjuntura internacional que agravou a crise econômica. Segundo ele, os artífices do processo utilizaram a questão econômica e a baixa popularidade da presidente de forma oportunista.
O julgamento final do impeachment está marcado para começar no próximo dia 25 e a previsão é que Dilma vá ao Senado apresentar a sua defesa na segunda-feira (29). Os depoimentos das testemunhas de defesa e acusação podem se estender durante o fim de semana. Todo o processo será conduzido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.
Fonte: iG