Tratamento de infertilidade pode aumentar a densidade das mamas
Mulheres que recorrem ao tratamento de estimulação ovariana controlada para tentar engravidar podem estar mais vulneráveis ao câncer de mama no futuro, já que o tratamento pode aumentar a densidade mamária da paciente.
Esse é o resultado de um estudo realizado no Instituto Karolinska, em Estocolmo (Suécia), e publicado no jornal Breast Cancer Research.
De acordo com a autora, Frida Lundberg, os tratamentos de fertilização geralmente envolvem estimulação ovariana com medicamentos muito potentes para aumentar a quantidade dos hormônios ovarianos – estrógeno e progesterona.
“Esses hormônios estão associados ao risco de câncer de mama. Como a adesão aos tratamentos de fertilização é relativamente nova, muitas pacientes que se submeteram a eles ainda estão abaixo da idade em que geralmente o câncer de mama é diagnosticado. Isso foi o que nos motivou a investigar, pela primeira vez, a ligação entre tratamentos de infertilidade e densidade mamária”.
O estudo avaliou exames e informações adicionais de mais de 43 mil mulheres com idade entre 40 e 69 anos.
Pacientes inférteis (20,7%) foram classificadas em três grupos: as que fizeram estimulação ovariana para o tratamento de fertilização in vitro ou injeção intracitoplasmática; as que fizeram qualquer outro tratamento hormonal para induzir a ovulação; e aquelas que simplesmente não fizeram nenhum tratamento.
Os pesquisadores descobriram que mulheres com histórico de infertilidade realmente têm um volume maior de densidade mamária em relação às pacientes férteis, principalmente aquelas que se submeteram à estimulação ovariana.
Lundberg diz que novos estudos devem ser realizados no sentido de tornar mais evidente se a densidade mamária aumenta por causa da infertilidade ou por causa do tratamento de infertilidade. Apesar das evidências, agora elas precisam ser confirmadas.
De acordo com o médico Yoon Chang, coordenador do Departamento de Mama do CDB Medicina Diagnóstica, em São Paulo, os fatores mais frequentemente relacionados à densidade mamária são: idade, índice de massa corporal (IMC), paridade e tempo de uso de terapia de reposição hormonal (TRH).
O fator nuliparidade (nunca ter tido filhos) também é citado em alguns estudos. “O problema das mamas densas é que, durante a mamografia – que é um exame comprovadamente eficaz na detecção precoce do câncer de mama – nem sempre os resultados são conclusivos.
A composição mamária está relacionada às quantidades relativas de tecido adiposo (‘escuro’ na mamografia) e fibroglandular (‘branco’ na mamografia). Mas nem sempre as imagens são claras o suficiente para não deixar dúvidas. Isto porque os tumores também são densos (‘brancos’), o que dificulta a diferenciação entre os tecidos”.
Especialistas dizem que acrescentar informações sobre a densidade mamária resulta em melhor modelo de prevenção, já que mulheres com mamas densas têm até cinco vezes mais chances de desenvolver câncer de mama em relação àquelas com baixa densidade mamária.
Diante dessa situação, Chang afirma que a ultrassonografia de mamas é um excelente complemento à mamografia.
“Estudos demonstram que a acurácia diagnóstica da combinação entre mamografia e ultrassonografia pode ser superior a 90%. A ultrassonografia também é fundamental nos casos em que a mamografia se mostra inconclusiva devido à presença de um nódulo. Como todo nódulo pode ter natureza cística, sólida ou ser uma combinação dos dois, esse tipo de informação somente é plenamente obtido através da ultrassonografia. Vale lembrar que, devido às particularidades do tecido mamário, a mamografia deve sempre preceder a ultrassonografia para se verificar os reais ganhos, sobretudo quanto ao diagnóstico.” (TB)