Diversidade cultural e paisagística atrai turistas para região do São Francisco
Pelos mais de 2.800 quilômetros por onde passa, o Rio São Francisco possibilita a vida, a agricultura, a pesca e a permanência do homem no sertão. Tanta história e beleza fazem do seu curso um celeiro artístico e cultural, com potencial para a gastronomia e os esportes náuticos, e tornam o turismo uma atividade extremamente rentável.
O secretário do Turismo do Estado, Nelson Pelegrino, diz que o Rio da Integração Nacional – que inspirou autores como Guimarães Rosa – é chamado de Opará pelos índios e de Velho Chico por quem mora na região. Segundo ele, dos 13 destinos turísticos da Bahia, dois têm o Rio São Francisco como principal atrativo.
“Na região de Juazeiro, temos o enoturismo. A pessoa pode passear na rota e no Vapor do Vinho [e] conhecer as ilhas próprias para banhos. Também pode conhecer as vinícolas e, associada ao enoturismo, temos uma rica cultura, com artesanato – as carrancas são muito famosas. Tem ainda a gastronomia, com surubim, carne do sol, bode, carneiro, manteiga de garrafa. As opções culturais são riquíssimas, em especial o forró. Somente na região de Juazeiro são 1.200 leitos consolidados”, explica Pelegrino.
Em outro trecho, próximo a Paulo Afonso, lagos e cânions são os principais atrativos do Rio São Francisco. “É um passeio estruturado, de catamarã, onde se pode conhecer Sobradinho, maior lago artificial do mundo, e também um grande sítio arqueológico, com pinturas rupestres que datam de nove mil anos. No Raso da Catarina, temos um sítio ecológico, com espécies raras e em extinção, como a ararinha azul. Na região também houve toda a saga de Canudos, com Antônio Conselheiro, e a história do Cangaço, com o bando de Lampião e Maria Bonita”, acrescenta.
Holofotes
A coordenadora da Bahiatursa, Mag Magnavita, destaca que atualmente o Rio São Francisco está sob os holofotes da mídia em razão da novela Velho Chico, da Rede Globo. “A novela está fazendo um mix da região como um todo. Não é possível localizar que área do São Francisco eles estão abordando. Isso é bom porque o fluxo de pessoas que a novela vai fomentar movimenta diversos trechos [e] não vai comprometer a capacidade [de hospedagem] em apenas uma cidade, como aconteceu no passado, em Mangue Seco, por causa da novela Tieta”.
Segundo ela, o Estado faz o acompanhamento do movimento turístico, para garantir que a atividade seja desenvolvida de forma sustentável. “Cerca de 70% dos viajantes não utilizam agências, são os chamados turistas independentes, e são os que mais visitam a extensão do São Francisco. O nosso trecho mais organizado é na região de Juazeiro por causa do enoturismo, que foi fomentado pela Bahiatursa em 2008 e, depois, em 2011, o Vapor do Vinho passou a fazer o trajeto, subindo a eclusa. As embarcações estão recebendo cerca de 10 mil visitantes por ano”, conta Magnavita.
De acordo com a coordenadora da Bahiatursa, o turismo religioso também é forte em alguns municípios, a exemplo de Bom Jesus da Lapa, com a colaboração do rio. “Muitas cidades têm seus padroeiros e procissões fluviais, chegadas de visitantes pelo rio. O São Francisco está sempre inserido neste contexto”.
Magnavita também ressalta a diversidade cultural das regiões cortadas pelo rio. “A extensão é tão grande que ele traz uma diversidade cultural muito grande. No trecho entre Santa Brígida e Carinhanha, há uma série de manifestações culturais e diversidade de paisagens que proporcionam muitas opções de turismo para serem trabalhadas. Hoje a gente acrescenta as características geográficas que estão atraindo eventos esportivos, rafting, canoagem, ciclismo, mountain bike e motociclismo, entre outras atividades”.
Repórter: Raul Rodrigues(SECOM)