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Comissão de Desportos quer virar o jogo contra a Hepatite C

Cento e oitenta milhões de pessoas no mundo têm hepatite C. No Brasil há 2 milhões de doentes, embora somente 100 mil tenham sido diagnosticados como portadores da doença, causada por um vírus silencioso que não se manifesta, mas mata. Estes dados foram revelados ontem pelo hematologista Raimundo Paraná à Comissão Especial de Desporto, Paradesporto e Lazer, em audiência pública na Assembleia cujo tema foi “Hepatite C: Vamos virar este jogo”. O convite a Paraná se deu em função do alto índice da doença em ex-atletas baianos. Somente na Bahia já foram diagnosticados 55 casos de ex-jogadores de futebol contaminados pelo vírus. A comissão é presidida pelo deputado Bobô (PC do B). Os jogadores foram infectados nas décadas de 1970 e 1980 possivelmente por seringas de vidro, comumente utilizadas naquela época, em tratamentos como infiltração nos joelhos ou aplicação de glicose, explica Paraná. Alguns deles, como Luiz Alberto, radialista e ex-atleta, precisaram de transplante de fígado, única alternativa quando a doença já evolui a ponto de manifestar sintomas. E isto pode levar 40 anos para acontecer.  
TESTE 
A hepatite C é assintomática e isto quer dizer que o infectado não sente nada que possa indicar que está doente. “Muitos jogadores de futebol tiveram sucesso, foram campeões já infectados pelo vírus”, diz Paraná. Ele aponta que há somente um caminho: a prevenção. Para isso, todas as pessoas acima dos 45 anos têm, obrigatoriamente, que fazer o teste para o vírus da hepatite C. E ele é feito pelo SUS, em centros de saúde e nos CTAs, centros de testagem e aconselhamento. Esta é a única maneira possível de se detectar precocemente a contaminação e haver tratamento. No Brasil são realizados 1,8 mil transplantes de fígado por ano. Metade destes pacientes precisam ser transplantados por causa da hepatite C, e os outros 50% por causa das demais doenças hepáticas. Os transplantados têm que estar atentos e manter-se em tratamento, porque ainda que recebam fígado novo, a hepatite C pode voltar, caso o vírus não seja exterminado do organismo. Ele é resistente e insistente, facilmente adaptável à infecção em humanos e “não tem interesse em matar rápido seu hospedeiro”, alerta o hepatologista. 
“A cada 10 pessoas testadas, uma está infectada”, diz Paraná. As causas mais frequentes para a contaminação são o uso de seringas de vidro (comuns nas décadas de 1970 e 1980); tratamento dentário com profissionais que não possuíam autoclave (espécie de esterilizador), tatuagem, uso de drogas e transfusão de sangue. Para todos estes grupos de risco, o teste para identificação do vírus é obrigatório, porque ele ataca 45 pessoas a cada grupo de 100. 
Para o médico baiano de renome nacional, as políticas públicas avançaram significativamente em relação à doença, “mas o caminho é longo”. E o grande desafio posto atualmente é como a rede pública vai absorver o imenso contingente de infectados, estimado hoje em 2 milhões de brasileiros. “Falar sobre o assunto” é um mecanismo de prevenção, aponta. E campanhas institucionais massificadas, “como o governo fez em relação ao HIV”. A audiência de ontem da Comissão Especial de Desporto, Paradesporto e Lazer teve mesmo este propósito: servir como meio de alertar a população sobre o que é a hepatite C e como se prevenir deste mal, corroborou o seu presidente, deputado Bobô (PC do B).(ALBA)

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