Câmara aprova impeachment de Dilma
Deputados aprovam encaminhamento de processo de impeachment ao Senado Federal, que decidirá se abre ação
A Câmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em votação aberta no plenário da Casa, realizada neste domingo (17). O resultado da sessão que encaminha a ação que pode derrubar a petista do governo federal foi decidido com ampla folga, antes dos votos de outros 37 deputados.
Com o resultado, o parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO), elaborado na Comissão Especial do Impeachment, segue agora para o Senado Federal, a quem cabe aprovar, por maioria simples, a abertura da ação, o que levaria ao afastamento de Dilma por 180 dias. Só a partir daí é que o processo começa de fato.
Iniciada na manhã de sexta-feira (15), a sessão que se tornou a mais longa da história da Câmara contou com discursos de mais de duas centenas deputados e se arrastou pelas madrugadas do fim de semana. Além dos ataques de uma parte a outra, os últimos três dias foram marcados por protestos com cartazes e faixas dentro do plenário e tumultos.
No início da tarde, houve confusão antes e durante o discurso de Arantes, que precedeu a votação. Deputados oposicionistas e governistas se acusavam mutuamente de levarem faixas à Câmara, o que não é permitido. O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), interferiu para evitar novas movimentações.
Ao longo dos votos, que se iniciaram com quase duas horas de atraso em relação ao previsto por Cunha – pouco antes das 18h –, deputados bradaram o motivo de seus golpes, em discursos semelhantes tanto de um lado quanto de outro.
A massacrante vantagem de votos da oposição ao governo, no entanto, acabou marcando o tom das votações, que tiveram torcida dos parlamentares, munidos de faixas com as cores da bandeira brasileira. Votos contrários ao processo eram vaiados, os favoráveis, celebrados.
Quando o resultado final se aproximava, os deputados anti-Dilma passaram a fazer contagem regressiva voto a voto, exercendo grande pressão sobre os governistas, notoriamente inconformados com a derrota.
Caso Dilma seja afastada, o vice-presidente da República, Michel Temer, assume interinamente o cargo de presidente da República por 180 dias. Se o processo no Senado ainda não estiver encerrado, ela volta ao Poder Executivo até que a decisão esteja definida.
Como não há substituição para vice-presidente, se Dilma for afastada, Cunha seria o imediato a substituir Temer em caso de sua ausência. O presidente da Câmara é réu em um processo da Operação Lava Jato por corrupção no Supremo Tribunal Federal, além de enfrentar ação de cassação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.
IG