Inflação de dois dígitos reflete os erros do governo na economia
Com alta de 1,01%, a inflação teve o pior novembro desde 2002. Naquela época, a pressão veio do cenário político. A dúvida sobre o projeto econômico do governo de Lula, que tomaria posse no ano seguinte, provocou a elevação do dólar. Agora, o IPCA acumula 10,48% em 12 meses não por reflexos da crise política, mas por erros cometidos pelo governo na economia.
A maior pressão no ano veio das tarifas de energia. Subiram, na média do país, 51,27% em 12 meses. Esta foi a conta da demagogia feita pela presidente Dilma em 2012, ao cortar o preço da eletricidade quando o custo de produção subia. Depois da eleição, as tarifas foram reajustadas para diminuir o desequilíbrio financeiro das distribuidoras, provocando agora o desconforto que os consumidores estão sentindo.
No índice de novembro, os alimentos pesaram. É a pior das inflações porque atinge mais a baixa renda. Os mais pobres gastam uma parte maior da renda com alimentação, um item que não pode ser eliminado do orçamento das famílias.
Nos 12 meses, a inflação chegou a 10,48%. O IPCA de dois dígitos é um nível perigoso também pelo que provoca no futuro. Nesse patamar, a inflação reacende os mecanismos de indexação. O Brasil ainda tem resquícios do período hiperinflacionário; muitos contratos são corrigidos por indicadores de preços. Quando a inflação chega a dois dígitos, há também o componente psicológico. O IBGE falou sobre isso nesta quarta-feira. Os preços são reajustados pela inflação passada e não pela perspectiva futura. Assim, fica mais difícil combater a alta dos preços.
O diretor do Banco Central Tony Volpon disse que o IPCA nesse patamar “desorganiza” a economia. Na última reunião do Copom, dois membro votaram pela elevação dos juros. São sinais de que o país pode passar por um movimento de alta na Selic, apesar de estar em recessão de quase 4%.
A economia chega ao final de 2015 numa situação lastimável.
(Blog da Miriam Leitão)