Como educar 15 milhões de baianos?
A interiorização da educação superior tem tudo a ver com o desenvolvimento regional e urbano, pois pela educação superior se atinge o crescimento dos grandes centros da Bahia. A formação do capital humano, educação a distância e a educação aberta online se relacionam diretamente com o aumento do conhecimento. Esperar pela lenta educação presencial sem apelar para a dinâmica eletrônica é um formidável retrocesso. Os meios eletrônicos e mesmo o telefone celular (mobile learning) são utilizados intensivamente na aprendizagem. Os jovens nativos da informática já os utilizam com total habilidade na vida cotidiana. A geração dos netos ultrapassou, faz muito, a dos avós em manejo eletrônico.
As relações entre universidade e sua região se efetivam pela demanda dos alunos e pelo serviço dos professores e servidores residentes. Por seu turno, a organização universitária concorre com salários e outras despesas para o dispêndio da comunidade. E, mais ainda, as dissertações e teses apresentadas analisam as universidades como objeto de estudo. É o que temos feito na Unifacs.
A pergunta que se faz, em face das dimensões do estado da Bahia com 560 mil km², sendo 65% do território no semiárido: como educar 15 milhões de baianos? Eis um dos desafios das universidades estaduais formadoras de professores e de profissionais outros.
Considere-se a macrocefalia da educação superior concentrada em Salvador, com a Universidade Federal da Bahia, Universidade Católica do Salvador e Universidade Salvador, além das muitas faculdades particulares. Até os anos sessenta do século passado, a educação superior estadual se destinava à agricultura com a Escola de Agronomia da Bahia, em Cruz das Almas, e a Escola de Medicina Veterinária. Ambas foram federalizadas e integradas à Universidade Federal da Bahia, em 1967.
As universidades estaduais foram pioneiras na interiorização da educação superior. Nelas se percebe a motivação das lideranças locais na criação do ensino universitário em centros urbanos. A partir do final nos anos sessenta do século passado, a administração estadual da Bahia deu início à intervenção na educação superior, visando, sobretudo, o ensino.
Houve, portanto, uma mudança inovadora e fundamental. A administração estadual passou a se ocupar com as Faculdades de Formação de Professores para o Primeiro Ciclo (ginásio). Essas faculdades foram os núcleos geradores das universidades estaduais.
Em um primeiro momento, a interiorização da educação superior efetivou-se com as universidades estaduais. Com a Uneb, se revigorou com a evidência funcional multicampi que atingiu toda a Bahia. A universidade multicampi se ajustou ao sistema estadual de ensino que, para ser completo, abrange o pré-escolar, passando pelo fundamental, médio, superior, indo até a pós-graduação. A educação superior no estado se relaciona com o espaço territorial pela identidade cultural, podendo atender a várias comunidades. Por último, uma faculdade ou universidade instalada num centro urbano interiorano é um fator de progresso por agregar laboratórios, bibliotecas, equipamentos, mudando e enriquecendo a comunidade.
Em um segundo momento, somente a partir de 2006, chegaram as universidades federais do Recôncavo Baiano (UFRB), do Sul da Bahia (UFSB) e do Oeste Baiano (Ufob), acompanhadas do Instituto Federal de Educação e Tecnologia da Bahia (IFBahia) e do Instituto Federal de Educação Baiano (IFBaiano/Agricultura) com sede em Salvador e disseminação em todo o território do estado da Bahia.
Esperamos pela Universidade Federal da Chapada Diamantina e pela Universidade Federal do Nordeste Baiano. Enquanto isso, durante 60 anos só contamos com a Alma Mater, a Universidade Federal da Bahia.(ATarde)