Taquicardia, tremedeira e suor são sintomas que podem indicar a fobia.
Você entra no carro. Em seguida, gira a chave e segue para o seu destino. Para muitos, essa é uma ação cotidiana, como qualquer outra. Para outros, um momento de angústia tão grande que a cena se desenrola diferente: tremendo, tira a chave da ignição e, frustrado, decide pegar um ônibus. Esse medo de dirigir tem nome: amaxofobia, ou “síndrome do carro na garagem”, como define Neuza Corassa, psicóloga do Centro de Psicologia Especializado em Medos e autora do livro Vença o medo de dirigir, que chegou à 15ª edição este ano. Entre os sintomas mais comuns estão tremedeira, taquicardia, enjoo, formigamento e suor excessivo, que vêm acompanhados pela baixa autoestima por não conseguir desempenhar a tarefa. Cecilia Bellina, psicóloga especializada em comportamento do motorista e autora de Dirigir sem medo, se refere à situação como “fobia de volante” e explica: o medo, uma emoção protetora em situações de risco, torna-se fobia no momento em que passa a atrapalhar o dia a dia. Algumas das situações que causam maior ansiedade são ultrapassar, controlar os espelhos, subir ladeiras e manobrar para estacionar. Na galeria a seguir, confira dicas e informações das especialistas para superar a fobia e, para se inspirar, veja aqui histórias de superação.
Perfil
Cerca de 80% dos que sofrem com a fobia são mulheres, geralmente perfeccionistas e sensíveis, que gostam de ter controle das situações. O trânsito, imprevisível, assusta, assim como o julgamento dos outros caso cometam “erros” como apagar o carro no meio da rua. Neuza indica que o percentual elevado tem uma explicação cultural: quem costuma brincar com carrinhos são os meninos, e as meninas, afastadas dessa realidade na infância, sentem-se intrusas nesse universo quando se tornam adultas.
Tratamento in loco
As psicólogas advertem: não adianta tratar do medo apenas no consultório, é preciso enfrentá-lo e ter contato com o carro. Para algumas pessoas, é possível superar sozinhas, mas isso não é regra: muitos precisam de acompanhamento profissional especializado.
Sinta-se seguro
Para Cecilia, é importante que, primeiramente, o paciente se sinta seguro de que sabe dirigir – muitas vezes, o medo vem de uma aprendizagem falha na autoescola. É preciso saber que você é capaz de dominar o carro.
Movimente-se
Faça exercícios físicos ou relaxamento corporal. “Isso ajuda a aliviar a ansiedade e a tensão”, avalia Neuza. Além disso, eles fazem a pessoa ficar mais consciente do corpo para que não “carregue” o peso do carro.
Não pense nos outros
Se, um dia, quiser pegar um táxi em vez de dirigir, ou preferir pegar o ônibus, não se constranja. “Você não precisa provar nada para ninguém. Não tem que mostrar para os outros que está dirigindo”, reforça Neuza.
Pare o carro
Se estiver dirigindo e começar a sentir algum sintoma, Neuza aconselha escolher um lugar seguro, parar e sair do carro. Faça alongamento e respire profundamente. Volte para o carro apenas depois de ter se acalmado
Não tenha pressa
Como a ansiedade tende a ser uma característica da pessoa com a síndrome do carro na garagem, Neuza adverte: controle-se, nada se resolve de uma hora para outra. Seja paciente e passe por cada etapa do tratamento no seu tempo.
Vá aos poucos
Se não tem intimidade nenhuma com o carro, Neuza sugere que se aproxime aos poucos. Duas vezes por semana é um bom começo, mesmo que seja manobrando o carro na garagem, indo para frente e para trás.
Chame um acompanhante
Pode ser um instrutor profissional ou um familiar. Mas não qualquer um: deve ser alguém paciente, que compreenda o problema que você está enfrentando e seja didático.
Respeite seus limites
Acompanhado, comece com pequenos trajetos. Dê uma volta na quadra, circule nas ruas do seu bairro. Depois, rode em avenidas tranquilas, fora dos horários de pico. Em seguida, comece a pegar vias mais movimentadas, com circulação de ônibus e, por último, a via expressa. Para a estrada, o caminho é mais longo. “Ela é para quem já tem domínio total e prática, vá com calma. Pode levar até um ano”, diz Cecilia.
Vá sozinho
Cecilia propõe que, na terceira etapa do tratamento, você dirija sozinho, sem parar em lugar nenhum. Primeiro, dê a volta na quadra, depois, em duas. Neuza indica que uma possibilidade para fazer a transição, até dirigir sozinho, é pedir que o acompanhante siga em outro carro, na frente ou atrás do seu.
Escolha aonde quer ir
Feitos esses pequenos trajetos, Cecilia sugere que você escolha 10 lugares aonde deseja ir de carro – evitando estradas. Pode ser a casa de um parente, o trabalho, a escola dos filhos ou um shopping próximo. Agora, a ideia é parar, não vale só passar pela frente. Cumpridos os objetivos, você já terá inserido o carro na sua rotina. (NP)
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