Subúrbio vive expectativa de obras milionárias
Com bens naturais deslumbrantes, indicadores sociais em alerta e moradores na expectativa de avanços, o subúrbio de Salvador aguarda obras que melhorem a qualidade de vida nos 15 bairros que compõem a região. Em curso, alguns projetos desenvolvidos pelos governos municipal e estadual prometem intervenções milionárias nos setores de trânsito, transporte, moradia, saúde e educação.’
Dentre as ações mais esperadas, está a construção de mais de 250 residências na “Cidade de Plástico”, localidade extremamente carente do bairro de Periperi, que abriga cerca de 248 famílias.
Das janelas, elas têm como vista os trilhos dos trens e a Baía de Todos-os-Santos. Dentro das casas, entretanto, convivem em estruturas feitas, majoritariamente, de plástico, madeira e papelão. O acesso a energia elétrica e saneamento são precários.
A expectativa do secretário municipal da Casa Civil, Luiz Carreira, é de que a licitação do projeto ocorra entre o final do mês de outubro e início de novembro deste ano. Com a etapa cumprida, a esperança é de que os moradores já estejam com as novas residências no prazo de um ano. “O projeto vem sendo desenvolvido pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e toda a comunidade opinou. A população é extremamente carente e as construções vão mudar a realidade daquela região”, conta.
“Cidade de Plástico” é um apelido, justamente relacionado à estrutura das residências. Oficialmente, a localidade é denominada como Guerreira Zeferina. De acordo com a FMLF, a região tem 20 mil m², que será ocupada por unidades habitacionais, praça, quadra de esportes, deck de acesso ao mar, parques infantis, além de sala multiuso com pátio coberto e sanitários. Os investimentos estão previstos em R$ 18 milhões.
No período das obras, as famílias devem desocupar a região e serão direcionadas para residências pagas por meio do “aluguel social”, benefício cedido pela prefeitura. “Vamos discutir as etapas. Ninguém ficará sem assistência”, afirma Carreira.
Outros projetos
Shostenes Macedo, responsável pela prefeitura-bairro do subúrbio, acredita que a obra de maior impacto para os moradores, de todas as previstas, é a requalificação da Avenida Afrânio Peixoto, popularmente conhecida como Avenida Suburbana.
Na localidade, estão programadas dez intervenções viárias ao longo dos 14 quilômetros de via, com custos estimados em R$ 14 milhões.
Dentre as ações, estão programadas a requalificação completa do asfalto, além de fiscalização eletrônica e implantação de faixas de pedestres elevadas a cada 800 metros. Também fazem parte do projeto a delimitação de novas baias de ônibus, que devem comportar entre cinco e dez coletivos, simultaneamente.
Das intervenções, Macedo destaca a construção de uma ciclovia ao longo de toda a avenida. “Será a maior ciclovia da cidade, que deve melhorar a vida das pessoas que trafegam de bicicleta [rumo ao trabalho] e também por lazer”, afirma.
Os procedimentos de requalificação na Avenida Suburbana foram iniciados no primeiro semestre deste ano, por meio de ações no Largo do Luso, em Plataforma. Em geral, a previsão da prefeitura é de que todas as intervenções sejam concluídas até o segundo semestre de 2016.
Para o segundo semestre de 2016, está programado o término das obras de requalificação da orla, entre o trecho de Plataforma e Itacaranha. Também sob a coordenação da Fundação Mário Leal Ferreira, o projeto prevê a construção de ciclovia, áreas de lazer e até mesmo uma piscina natural, que se destaca a partir da cheia da maré.Além das obras na Avenida Suburbana, Macedo detalha que está prevista, para o primeiro semestre de 2016, a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paripe. “É uma obra muito importante que deve atender a toda a região, inclusive a Ilha de Maré”, diz.
No área da educação municipal, a prefeitura ainda prevê a construção de oito novas escolas em todo subúrbio, com investimentos na ordem de R$ 6,7 milhões. De 2013 até setembro deste ano, o executivo municipal destaca que foram investidos em todo o subúrbio, sem contar os gastos de custeio, cerca de R$ 120 milhões em todas esferas de atuação.
“São milhares de ações que totalizam recursos expressivos”, afirma o secretário muncipal da Casa Civil, Luiz Carreira. Ele defende que a grande concentração de investimentos da prefeitura está nas regiões mais carentes.
Obras estruturantes
Do ponto de vista do governo do estado, está prevista para o subúrbio uma série de obras estruturantes. A primeira delas está relacionada à substituição dos trens que ligam os bairros do Subúrbio Ferroviário à Calçada, em Salvador, pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Segundo o secretário da Casa Civil do Estado, Bruno Dauster, a licitação, que estava prevista para ser lançada em agosto deste ano, foi adiada. Entretanto, atesta que a meta de construção continua sendo de curto prazo. “Estamos fazendo a revisão de alguns pontos. Em função de toda essa situção, com a crise, a gente está querendo confirmar algumas condições, para dar ordem [de serviço] sem ter risco”, afirma.
O projeto será dividido em duas etapas. A primeira delas ocorre entre os bairros do Comércio e de Plataforma (9,4 Km) e a segunda entre Plataforma e a Avenida São Luiz de Paripe (9,1 Km). A previsão do governo é a de que ambas as fases estejam em operação no segundo semestre de 2017. Diferentemente do atual sistema que liga o subúrbio à Calçada, o VLT é composto por trens mais leves e com um maior roteiro de paradas: 21. Hoje, são 10.Atualmente, os trens de Salvador ligam o bairro de Paripe à Calçada, em um percurso de 13,6 km. Com o novo modal de transporte, o sistema será ampliado e se estenderá entre a Avenida São Luiz, em Paripe, e o bairro do Comércio. São 4,9 km a mais de trilhos, que, integrados aos existentes, farão o VLT percorrer um total de 18,5 km.
O estado estima que, diante das intervenções, a média diária de público que utiliza o transporte sobre trilho suba de 15 mil para 150 mil. Bruno Dauster afirma que o novo VLT irá funcionar de forma interligada aos demais modais de transporte da capital. Conforme o projeto, por meio do VLT, os usuários terão acesso às Linhas 1 e 2 do metrô e a dois roteiros de BRT (Transporte Rápido por Ônibus), todas com obras de conclusão previstas para 2017.
Os dois roteiros do BRT serão percorridos pelas linhas azul e vermelha, que já estão em fase de construção. Tratam-se de duas obras que, somadas, atingem um valor de investimento que ultrapassa R$ 1,5 bilhão.
O primeiro trecho liga os bairros de Pituaçu e Lobato, passando pela Avenida Gal Costa e por Pirajá. O segundo conecta os bairros de Piatã e Paripe, com trechos que passam pela Avenida Orlando Gomes e pelo bairro de Águas Claras.
“O ganho em termo de qualidade de vida é muito significativo. Uma revolução no sistema [de trânsito e transporte]”, garante o secretário Bruno Dauster. Ele pontua que viagens, antes realizadas em torno de duas horas, devem ser reduzidas para até 30 minutos. Isso tudo por meio das conexões das linhas do BRT com as estações do metrô, VLT e ônibus. “Isso sem onerar o usuário. O bilhete de acesso também será integrado”, afirma.
Outras ações
Além dos investimentos na área de transporte público, Dauster afirma que, tecnicamente, o estado já aprovou obras de macrodrenagem nas regiões do Rio do Cobre e do Dique do Cabrito, a fim de evitar alagamentos. Os investimentos previstos estão na ordem de R$ 45 milhões.
Em Paripe, o estado também promove a recuperação do mercado local. Conforme Dauster, as obras estão 65% concluídas e devem ser entregues no primeiro semestre de 2016. Também estão sendo realizadas obras de contenção de encostas nos bairro de Itacaranha, Periperi, Alto da Terezinha, Rio Sena, Plataforma e Parque São Bartolomeu.(G1)