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Crise migratória evidencia contradições e erros históricos da Europa

As proporções alcançadas pela fuga de pessoas de países destruídos pela guerra em direção à Europa escancaram para o mundo a injustiça da ordem internacional estabelecida, apesar do discurso de paz promovido pelos países desenvolvidos, destacam especialistas. O fluxo de refugiados já vinha crescendo há anos, mas imagens simbólicas como a do menino morto na praia da Turquia e do caminhão com corpos de migrantes na Áustria ajudaram a sensibilizar o mundo e a gerar respostas como a do governo da Alemanha, que anunciou a disposição em receber mais refugiados. Medidas como esta são importantes, mas atuam apenas na consequência, não na causa, alertam especialistas. Enquanto continuarem os ataques nos países de origem, guerra em que a Europa e os Estados Unidos têm corresponsabilidade, o fluxo deve aumentar.
Somente em 2015, 2.600 pessoas morreram no mar Mediterrâneo tentando chegar à Europa e mais de 350 mil refugiados entraram na União Europeia. Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) mostram que no ano passado houve recorde de pessoas deslocadas por guerras no mundo, 59,5 milhões de pessoas — 19,5 milhões de refugiados, 38,2 milhões de deslocados internos e 1,8 milhão de solicitantes de refúgio. A Síria é o país que gerou o maior número, seguida de Afeganistão e Somália. 
Se por um lado o governo da Alemanha tem se sensibilizado para receber maior número de refugiados, outros países como a Inglaterra ainda adotam posições conservadoras. A República Tcheca chegou a marcar refugiados com números na pele e, junto com a Hungria, a Polônia e a Eslováquia, rejeitou nesta sexta-feira (11) os planos da Comissão Europeia de distribuir entre os países-membros da UE 160 mil refugiados. 
A Hungria, inclusive, é um dos países que têm demonstrado maior intolerância, vide o caso da cinegrafista que chutou duas crianças refugiadas e fez um homem cair enquanto eles corriam da polícia. Ela pediu desculpas depois e disse ter sido tomada pelo pânico naquele momento. A Promotoria húngara abriu um processo criminal contra ela.
(Jornal do Brasil)

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