A confusa preparação do referendo grego
Ao anunciar o referendo, o primeiro-ministro grego claramente não pensou no passo seguinte. Alexis Tsipras decidiu de forma atabalhoada. Improvisada, qualquer medida desta gravidade produz muita confusão. A maneira como foi conduzido o processo levou mais sofrimento aos gregos. Eles estão em meio a muitas incertezas, bem como o restante da Europa.
A Ilze Scamparini, da TV Globo, conta que o governo está com dificuldade até para conseguir quem financie a impressão das cédulas de votação. A forma como será feita a pergunta está sendo contestada. Vaga, ela remete a um documento de conteúdo técnico, com termos e condições que não foram devidamente explicados. A população deve responder responder “não” ou “sim” à proposta de um acordo baseada nesse conteúdo de difícil compreensão.
A condução do processo foi uma grande lambança. Tsipras convocou o referendo pelo Twitter. Foi pela ferramenta que os negociadores gregos souberam da decisão. O primeiro-ministro enxergou no referendo uma maneira de ameaçar a Europa. Mas não se programou para os vários cenários possíveis. Ninguém, nem ele próprio, sabe ao certo o que pode acontecer.
Tsipras faz campanha pelo “não”. Em caso de vitória do “sim”, haverá mudança de governo na Grécia. Ele renunciaria após colocar seu povo em uma situação horrorosa. Durante a semana de feriado bancário, os gregos vivem com pouco dinheiro e muitas incertezas.
Em caso de vitória do “não”, o governo tampouco sabe ao certo o que vai acontecer. Yanis Varoufakis, o ministro das Finanças, disse nesta quinta-feira que o euro seria convertido para o dracma com paridade, ao câmbio de 1. A desvalorização seria rápida. Uma moeda emitida pelo país que acaba de dar um calote não valerá o mesmo que o euro. De uma hora para outra, os gregos perderiam boa parte do patrimônio.(Blog da Miriam Leitão)