Dólar sobe nesta segunda e volta a fechar acima de R$ 3
Depois de fechar acima dos R$ 3 na última sessão de abril, o dólar terminou o primeiro dia útil de maio em alta e se manteve acima desse patamar. A alta foi reforçada após o Banco Central sinalizar que deve diminuir seu programa de interferência no câmbio em junho. A sessão também foi marcada por pessimismo no cenário interno e dados fracos sobre a atividade industrial na China, reforçando perspectivas de que Pequim adotará em breve novos estímulos à economia do país.
Nesta segunda-feira (4), a moeda norte-americana subiu 2,24% frente ao real, cotada a R$ 3,0807 na venda. Veja a cotação. Nas três sessões anteriores, o dólar acumulou avanço de 3,13%, segundo a Reuters.
“Se o BC não faz questão de coibir essa alta do dólar, o mercado aproveita e puxa a cotação”, disse à Reuters o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano. O BC vendeu a oferta total de swaps no leilão.Na quinta-feira, após o fechamento dos negócios, o BC anunciou que faria nesta manhã leilão de rolagem de swaps cambiais (programa para controlar o câmbio) com oferta de até 8,1 mil contratos. Se mantiver esse ritmo de oferta diária até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, rolará cerca de 80% do lote total, equivalente a US$ 9,656 bilhões.
Cenário interno
O boletim Focus desta segunda apontou que as previsões para a economia brasileira voltaram a piorar. Os economistas aumentaram sua estimativa para o crescimento da inflação neste ano, ao mesmo tempo em que vêem um “encolhimento” ainda maior do PIB em 2015. A previsão de aumento da taxa de juros também foi ampliada.
A expectativa é de que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 8,26% neste ano – na semana anterior, a taxa esperada era de 8,25%. Se confirmada, a previsão do mercado para a inflação de 2015 atingirá o maior patamar desde 2003, quando ficou em 9,3%.
O dólar terminou abril cotado a R$ 3,0131 na venda. No mês, houve queda de 5,57%. Segundo a Reuters, essa foi a primeira queda mensal depois de sete meses de valorização. Já na semana passada houve alta de 1,97%. No ano, há valorização acumulada de 15,87%.
Mercado de olho nos EUA
A perspectiva de que a recuperação da economia dos Estados Unidos abre espaço para uma alta de juros em breve também vem pressionando o câmbio globalmente. Na sexta-feira (1), com o mercado brasileiro fechado devido ao feriado do Dia do Trabalho, uma leva de dados positivos sobre a maior economia do mundo reforçou essas apostas e levou a moeda norte-americana à máxima em duas semanas contra o iene.
O relatório de emprego do governo dos EUA, a ser divulgado na sexta-feira, deve trazer mais pistas sobre esse tema, sustentando a volatilidade nos mercados. De maneira geral, no entanto, analistas não esperam que o dólar volte a ser negociado nas máximas atingidas em março, acima de R$ 3,20, uma vez que a alta taxa de juros brasileira deve manter o fluxo de investimentos para ativos domésticos.
“Comparado com outros países emergentes, o Brasil ainda oferece rendimentos excelentes, mesmo descontando todos os riscos”, disse à Reuters o operador de uma corretora nacional.(G1)