Alta do dólar deve elevar preço do pãozinho
Depois dos pulinhos de Carnaval, será a vez do folião baiano passar a se preocupar com um outro salto, este nada animador: mais um aumento no preço do pão francês e das massas em geral. Os produtos devem acompanhar o ritmo da alta do dólar sobre os preços dos derivados do trigo. Hoje, mais de 50% do produto consumido no Brasil é importado.
Na Bahia, a indústria da panificação já vem, desde o mês passado, repassando para as padarias, supermercados e delicatessens um aumento médio de 6% nos preços dos pães em geral. “O reajuste se deu devido à alta da energia elétrica, insumo essencial para o setor, e também por conta do dissídio coletivo dos trabalhadores, ocorrido em janeiro”, justifica o empresário João Ramos, dono da indústria de pães Limiar, que fabrica produtos congelados, para padarias, e fatiados prontos, para supermercados.
De acordo com o empresário, o impacto da alta do dólar, cotado a quase R$ 3, só deve ser notado, entretanto, a partir de abril ou maio. “Por enquanto, como estamos em uma época de boa safra internacional, ainda foi possível negociar bons preços para a importação do trigo”, revela Ramos.
Negociação
Na Associação Bahiana de Supermercados (Abase), também não há previsão de novo repasse para os preços. “O dólar tem aumentado de forma constante e gradual, mas temos conseguido repassar o aumento para os produtos em proporção bem menor que a verificada na cotação da moeda americana”, informa o administrador de empresas Rogério Machado, consultor de mercado da entidade.
Segundo ele, boa parte dos contratos firmados pelo varejo com a indústria são prefixados, “daí porque a alta do dólar ainda não teria impacto direto nos preços finais dos produtos”. O consultor da Abase informa que, “por enquanto, não há previsão de reajuste na tabela das indústrias de modo geral.
“Não há nada previsto, especificamente devido à alta do dólar, mas estamos acompanhando para ver se a moeda americana vai manter essa tendência, para já ir buscando alternativas para os produtos importados”, disse Machado.
Ele revela que os supermercados baianos vão, a princípio, tentar novos fornecedores para produtos como biscoitos e massas em geral, “mas, caso não tenha jeito, terão de repassar mesmo o aumento para o consumidor final”, como frisa. O consultor da Abase adianta, entretanto, que os derivados diretos do trigo, como a farinha, não terão alternativa de negociação, devendo sofrer mais rapidamente o impacto do dólar.
“Como a maioria do trigo consumido no país é importado, não há muitas alternativas diretas que evitem o impacto na farinha de trigo, num primeiro momento, afetando, posteriormente, o preço do pão”, acredita Rogério Machado.