É sempre assim: depois da eleição, os aumentos
Na fila da padaria, uma senhora
bem posta na vida reclamava do aumento da gasolina. Um senhorzinho risonho, de
pronto, rebateu: “Qual a novidade? Acabou a política, acabou a bondade. É
sempre assim”.
bem posta na vida reclamava do aumento da gasolina. Um senhorzinho risonho, de
pronto, rebateu: “Qual a novidade? Acabou a política, acabou a bondade. É
sempre assim”.
Com o “acabou a política” quis
dizer quando acaba a campanha eleitoral. Provocou risadas e concordância geral.
Com sua fala descontraída, a voz do popular evidencia o óbvio – o povo conhece
e sabe de todos os caminhos, descaminhos, manhas e artimanhas da política
brasileira. E não só dela.
dizer quando acaba a campanha eleitoral. Provocou risadas e concordância geral.
Com sua fala descontraída, a voz do popular evidencia o óbvio – o povo conhece
e sabe de todos os caminhos, descaminhos, manhas e artimanhas da política
brasileira. E não só dela.
O povo sabe e debocha como uma
espécie de resignação dolorida de saber-se peão no tabuleiro de uma sociedade
que monotonamente repete comportamentos desrespeitosos cínicos e cruéis. Uma
sociedade em processo acelerado de desumanização.
espécie de resignação dolorida de saber-se peão no tabuleiro de uma sociedade
que monotonamente repete comportamentos desrespeitosos cínicos e cruéis. Uma
sociedade em processo acelerado de desumanização.
Ou não é sintoma de desumanização
o registro de que, em cinco anos, a polícia brasileira matou mais do que a
americana em 30? Nossos mortos de um quinquênio somam 11.197 – média de 6 por
dia. A polícia gringa levou 30 anos para matar 11.090.
o registro de que, em cinco anos, a polícia brasileira matou mais do que a
americana em 30? Nossos mortos de um quinquênio somam 11.197 – média de 6 por
dia. A polícia gringa levou 30 anos para matar 11.090.
Duas de nossas principais
capitais – São Paulo e Rio de Janeiro – lideram esses números (trágicos! Há
outra palavra?) que, diariamente, vemos traduzido em dores expostas de
familiares dos mortos da violência policial, particularmente nas regiões mais
pobres de todas as cidades brasileiras.
capitais – São Paulo e Rio de Janeiro – lideram esses números (trágicos! Há
outra palavra?) que, diariamente, vemos traduzido em dores expostas de
familiares dos mortos da violência policial, particularmente nas regiões mais
pobres de todas as cidades brasileiras.
“É sempre assim”. Vem de anos.
Decresce ali, cresce acolá. O que deveria proteger também mata. E mata muito.
Cada vez mais. Sem qualquer resquício de humanidade.
Decresce ali, cresce acolá. O que deveria proteger também mata. E mata muito.
Cada vez mais. Sem qualquer resquício de humanidade.
Não é desumanização assistir em
tempo real, também diariamente, a crueldade, o abandono e o desrespeito no
desatendimento aos doentes em hospitais e serviços de saúde em todos os estados
brasileiros? Ano após ano. Só piorando.
tempo real, também diariamente, a crueldade, o abandono e o desrespeito no
desatendimento aos doentes em hospitais e serviços de saúde em todos os estados
brasileiros? Ano após ano. Só piorando.
O “é sempre assim” da saúde
brasileira tem tantos anos quanto os “sempre assim” da violência e da
corrupção. Há décadas, aparecem como principais “incômodos” do cidadão
brasileiro. Por isso mesmo, como mantras, e também há décadas, estão na pauta
das campanhas eleitorais. “Acabou a política” voltam para gaveta. É sempre
assim.
brasileira tem tantos anos quanto os “sempre assim” da violência e da
corrupção. Há décadas, aparecem como principais “incômodos” do cidadão
brasileiro. Por isso mesmo, como mantras, e também há décadas, estão na pauta
das campanhas eleitorais. “Acabou a política” voltam para gaveta. É sempre
assim.
Há ainda os “sempre assim”
autônomos, que passam ao largo das campanhas eleitorais – a ineficiência e os
maus serviços das telefônicas e das companhias aéreas, os desmandos dos
bancos… São sempre assim. Ponto. Como os aumentos do pós-eleição. Acontecem e
pronto.
autônomos, que passam ao largo das campanhas eleitorais – a ineficiência e os
maus serviços das telefônicas e das companhias aéreas, os desmandos dos
bancos… São sempre assim. Ponto. Como os aumentos do pós-eleição. Acontecem e
pronto.