EleicõesNotíciasSem categoria

Seis mitos e verdades rejeitados ou confirmados na eleição 2014

Uma das características da atual disputa presidencial foi derrubar, contestar ou relativizar uma série de análises prontas sobre como se desenrolam as eleições. Algumas análises eram simplesmente erradas. Outras, incompletas. Algumas partiam de dados e ideias comprováveis, mas suas conclusões iam além do que as informações exatas permitiam dizer. Vale tentar refletir sobre erros, dúvidas, omissões e torcidas.
 1) Tempo na televisão ganha ou não ganha eleição? Não ganha, mas ajuda. Marina Silva,  com menos de dois minutos por dia, incomodou Dilma e Aécio. Mas sua performance não é sinal de que qualquer candidato com pouco tempo na propaganda eleitoral pode tornar-se viável. Marina tinha alta taxa de conhecimento do eleitor desde a eleição de 2010, foi a beneficiada direta por um acidente trágico que monopolizou os meios de comunicação e está imersa em uma cultura política fortemente enraizada nas redes sociais digitais. Mas foi o vasto tempo na televisão de Dilma e Aécio que permitiu que as duas candidaturas criassem barreiras para limitar a absorção de votos por Marina, num primeiro momento, e destruíssem, na reta final, terreno por ela cultivado. Ou seja, o tempo de que um candidato dispõe na televisão é fundamental. Para construir a própria candidatura e para desconstruir a dos adversários. Existem estratégias boas e ruins para serem executadas a partir do tempo de televisão dos candidatos. O uso de modo equivocado significa que um candidato errou na estratégia, mas não invalida a importância crescente do meio.
 2) Uso da internet e das redes sociais pode compensar pouco espaço na televisão? Se a comparação for restrita assim, dificilmente se tornará verdadeira. A internet e as redes sociais têm papel em expansão nas campanhas eleitorais. Mas não para compensar o espaço da televisão. O que a rede permite é afinar, direcionar e qualificar o discurso para audiências específicas de modo mais eficiente e competente do que comícios, panfletos, malas diretas etc. As redes digitais são excelentes para dar voz a uma campanha e mobilizar militantes virtuais capazes de engrossar o apoio a uma candidatura. Tem vantagem econômica em relação a televisão, mas seus resultados são menos amplos.
3) A capacidade de arrecadação financeiras das ferramentas digitais foi um fracasso?Pode-se dizer que nesta eleição sim, mas não por inadequação das ferramentas. As campanhas políticas estão baseadas no financiamento empresarial. Os partidos e candidatos não se empenham em arrecadar dinheiro dos contribuintes individuais porque não precisam. Se houver a proibição do financiamento de empresas a candidatos, tudo mudará. O STF já tem maioria de votos a favor dessa restrição. O financiamento privado só não foi dado como inconstitucional por um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes. Deveria durar apenas 30 dias, mas dorme na gaveta do ministro há cinco meses, sem sinal de que possa ser retirado desse coma em breve. Mas, em algum momento, será constrangido a fazê-lo. Então partidos e candidatos terão de reinventar sua forma de financiamento. O mais fácil e perigoso é transformar em financiamento público simplesmente. Para o eleitor, seria mais interessante que os candidatos tivessem de disputar sua doação.
 4) Os debates não funcionam mais? Não para derrubar ou levantar candidatos. Mas ainda são relevantes na construção da imagem e do discurso de um candidato. Com o tempo, ficarão cada vez mais banalizados, se as regras de organização permanecerem como está.
 5) Campanhas agressivas não rendem votos? Se simplesmente agressivas, as campanhas não rendem votos. Mas, se comparativas, explicativas, reveladoras de posicionamentos não conhecidos, são importante instrumento de convencimento do eleitor. É sempre possível errar no tom e no tema. Mas será apenas incompetência de quem errou.
 6) Os comícios acabaram? Sim. A mais antiga forma de campanha política não existe mais. Só existem simulacros produzidos para a televisão.   
(MSN)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *