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Inflação em 4,5% será grande desafio do próximo governo

Não invejo a sorte do próximo presidente; o campo econômico está ruim e a inflação é o efeito mais visível. O atual governo deixou o índice de preços em patamar mais elevado porque acreditava nisso. Há anos, o BC avisava sobre a dificuldade gerada pela política fiscal para que a estratégia monetária atingisse a meta. Para evitar uma queda brusca na atividade, avisou ainda em 2011 que a convergência viria mais de um ano depois. Na ata mais recente, o BC disse que inflação em 4,5% só em 2016. Com essa complacência, o mandato terminará com 11 meses de inflação acima do teto de 6,5%.
As urnas respaldam o eleito para fazer reformas. O próximo presidente, mesmo que haja reeleição, terá espaço para se aproveitar da credibilidade. Medidas que quebrem essa expectativa de que o país aceitou a inflação no teto podem convencer o grande e o pequeno empresário a subir menos seus preços quando forem ajustar a tabela.
Em 1999, o segundo governo de FHC recebeu uma herança maldita do primeiro mandato. Lembro que os analistas diziam que a hiperinflação voltaria, com o dólar mais alto, as reservas baixas e os emergentes em crise de confiança. O Armínio Fraga chegou ao Banco Central, mudou a meta e adotou medidas com agilidade que mudaram expectativas e fizeram a inflação terminar o ano em um dígito. 
Agora, além de o IPCA estar no teto da meta, há uma série de aumentos represados, caso da eletricidade. A campanha de Marina Silva sugeriu uma elevação da meta para o ano que vem, mas a candidata vetou a hipótese. É um exemplo de como o desafio será grande para quem seja o vencedor. O tema é espinhoso e os candidatos sentem dificuldade em tratar dele. A sociedade demanda uma inflação mais baixa. Não porque seja bonito, mas porque o IPCA elevado pesa no bolso de todos.
Por Míriam Leitão

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