Especialistas analisam risco de apagão na Copa
Um relatório divulgado neste mês pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), órgão do governo federal que regulamenta e fiscaliza o setor no Brasil, fez aumentar a preocupação com o risco de apagão durante a Copa do Mundo em 2014.
Especialistas analisaram as possibilidades de uma queda de energia durante o evento e os problemas relatados pela agência. Segundo a Aneel, três das 12 cidades-sede da Copa estão com situação energética preocupante.
Segundo o professor de engenharia elétrica da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos José Carlos de Melo Vieira Júnior, o documento revela falhas. “Faltou uma fiscalização maior no cumprimento dos prazos das construções de linhas e subestações de energia elétrica”.
Já o professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Ilha Solteira Carlos Canesin, especialista em engenharia elétrica, remete ao governo os problemas que o setor energético terá que superar durante o evento esportivo. “As falhas são as que já conhecemos de longa data: péssima qualidade da administração pública das obras; falhas em processos licitatórios; atrasos demasiados de cronogramas de execução das obras; qualidade duvidosa de diversas obras de infraestrutura periférica aos estádios e de mobilidade nas cidades-sede”.
Os dois, entretanto, concordam que ainda há tempo para evitar o temido apagão. “Investimentos na expansão da oferta de energia elétrica e em infraestrutura de transmissão e de distribuição de energia elétrica, além da realização da manutenção dos equipamentos são itens importantes a serem cumpridos até o dia 12 de junho”, afirma Vieira Júnior.
Canesin lembra que os dados referem-se a janeiro deste ano e que, até o meio do ano, “obras para as subestações específicas dos referidos estádios, reforços de redundâncias de subestações de alimentação, alimentadores, sistemas de alimentação ininterruptos (UPS) e geradores auxiliares, já foram concluídas”.
Geradores
Em fevereiro deste ano, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, afirmou que “não existe Copa sem energia” e anunciou o repasse de R$ 47 milhões da Fifa para comprar geradores de energia que serão usados na transmissão de TV, o que reduz o investimento das cidades-sede em estruturas complementares. A afirmação ocorreu em Florianópolis, durante um seminário com as 32 seleções do Mundial.
As instalações temporárias são consideradas fundamentais para o torneio, com estruturas para as áreas de tecnologia, segurança e para a imprensa.
Segundo o especialista da USP de São Carlos, a atitude é um visível desespero da Fifa. Ele ressalta que “com a instalação de geradores de emergência nos estádios, a realização da partida será garantida”.
Mesmo assim, no caso de um apagão, os especialistas garantes que a energia pode ser restabelecida. “O sistema elétrico brasileiro conta com esquemas para restabelecimento de energia, caso ocorram apagões provocados por desligamentos de linhas devido a defeitos (raios, ventanias, curtos-circuitos”, afirmou Vieira Júnior.
“Existe um protocolo de desligamentos planejados e religamentos planejados, para que não se perca o controle da estabilidade global dos sistemas elétricos. Portanto, caso ocorra alguma anomalia no sistema que resulte em apagão setorial, pode-se hierarquizar o desligamento e priorizar os religamentos para atender as áreas prioritárias ou subestações dos estádios envolvidos nesta área de apagão, principalmente para que não haja pânico, problemas de insegurança e vandalismos”, finaliza Canesin.
(Band)