Em evento no TJ-BA, presidente do STF é tratado como celebridade
Uma manhã de astro. A passagem do ministro Joaquim Barbosa – presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – por Salvador, na manhã de ontem, nem chegou perto do clima de hostilidade vivido pelo relator do Mensalão na semana passada, em Brasília.
Na capital baiana, Barbosa foi assediado por servidores do Judiciário e magistrados, sorriu, deu entrevista e fez até ‘selfies’ com servidores que, ávidos, o seguiram do Salão Nobre até a saída do Fórum Ruy Barbosa, no final da manhã de ontem.
Na sexta-feira da semana passada (4), o ministro foi chamado de “tucano”, “projeto de ditador” e “corrupto” na saída de um bar em Brasília por militantes do PT. Em Salvador, sem a presença de militantes, Barbosa foi bem recebido pelo representante petista na ocasião, o governador Jaques Wagner (PT).
De bom humor, ele disse sequer ter percebido o protesto na capital federal: “(Encarei) com absoluta naturalidade, eu nem notei. (Quando) Eu fui notar, já estava dentro do carro, quando vi que eram umas três, quatro pessoas se manifestando. O Brasil é uma democracia, faz parte das liberdades”, disse.
Barbosa veio à Bahia para a inauguração da 13ª Vara da Fazenda Pública e do sistema de Processo Judicial Eletrônico (PJe) — veja ao lado.
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DisputaDurante a inauguração, até desembargadores disputavam lugar próximo ao ministro. Ele recebeu elogios do governador e do presidente do Tribunal, Eserval Rocha.
“Ministro Joaquim Barbosa, quantas vezes o senhor queira, eu sei que o senhor é apaixonado pela Bahia, estou sempre às ordens, o governador terá sempre prazer em recebê-lo em ocasiões formais e em outras para que desfrute na nossa capital”, disse o governador Jaques Wagner, que deixou o Fórum junto com Barbosa para um almoço. Antes disso, ele já havia se encontrado com Barbosa na Governadoria, de onde seguiram juntos ao Fórum.
Eserval Rocha, que assumiu o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em novembro passado, com o afastamento do ex-presidente Mário Alberto Hirs, disse não temer as investigações do CNJ. “Eu estou, sinceramente, emocionado, porque hoje eu o estou recebendo como convidado. E estaria da mesma forma se cá estivesse nos fiscalizando. Nada temo, pelo contrário. Tenho o Conselho Nacional de Justiça como um parceiro e assim tem sido desde que eu assumi a presidência deste Tribunal”, disse.
Também participaram da solenidade o corregedor nacional de Justiça, ministro Francisco Falcão, representantes do Judiciário estadual, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), além do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Mas o foco ficou mesmo com o relator do Mensalão, que, aliás, se recusou a falar sobre o assunto: “Por favor, vamos mudar essa fita, não é? Vamos mudar esse filme”.
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DesafiosEm entrevista coletiva, Joaquim Barbosa falou sobre problemas no Judiciário, elogiou a iniciativa da Bahia em implantar o PJe e disse que o problema de lentidão não está apenas no estado, mas em todo o país. Comedido, Barbosa disse que não há mais chance de se candidatar à Presidência este ano, apesar dos pedidos que vem recebendo nas ruas. No entanto, fez ar de mistério e afirmou que “Deus dirá” se há possibilidade de se candidatar futuramente.
“Eu disse que não estava nem um pouco fascinado com a possibilidade de deixar o Supremo para me candidatar, mas não me acreditaram. Sobretudo vocês, da imprensa, não acreditavam. Passou o tempo, eu não sou candidato e não serei candidato”, declarou o presidente do Supremo.
Para o ministro, que disse aos servidores do Judiciário que eles precisam trabalhar bastante, o problema da Justiça é a lentidão. “É essa a grande dificuldade, a demora, a angústia que as pessoas sentem em esperar, esperar, esperar e não verem os seus casos resolvidos”, disse.
(Correio)