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Vias marginais à Paralela devem desafogar trânsito de vários bairros da cidade

A Avenida Luiz Viana foi construída há mais de 40 anos, e desde então, os soteropolitanos nunca mais conseguiram desapegar dela. Todos os dias, quase um terço dos carros da cidade passa pela via, ou melhor, ficam presos nos engarrafamentos da via. Por isso, o objetivo central das obras do governo do estado é tirar as pessoas (e seus automóveis) da Paralela. 
A saída, ao contrário do que muitos imaginavam, não é uma via paralela à Paralela, pois ela necessariamente acabaria desembocando na ACM. E é preciso tirar os carros da ACM também. “Ninguém nunca tinha pensado em fazer nada transversal. A própria Paralela, que era uma alternativa à orla, é no mesmo sentido do funil, todo mundo acaba tendo que passar pelo Iguatemi”, explicou o governador Jaques Wagner, após a assinatura da ordem de serviço para a execução de dois corredores transversais, que cortam a cidade do subúrbio até a orla Atlântica. A assinatura aconteceu na quinta-feira. 
Com eles, e com o restante das obras que compõem o que o governo denominou Plano Geral de Mobilidade, não será mais necessário passar pela região do Iguatemi para chegar a praticamente qualquer ponto da cidade, o que também deve desafogar o trânsito. Todo o plano vai custar em torno de R$ 8 bilhões, entre recursos federais e estaduais.
A ideia é desafogar as vias principais, reduzindo os engarrafamentos, distribuindo o fluxo pelas vias marginais, que estão sendo construídas ou alargadas. Com as obras, que também incluem túneis e viadutos, será possível transitar entre dois bairros que ficam em lados opostos à Paralela sem precisar passar por ela.
Corredores
O primeiro corredor vai da avenida Suburbana até a Orla de Patamares, passando pela avenida Pinto de Aguiar, cujas obras de duplicação já começaram e devem ficar prontas até o o final de junho.  O presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), Ubiratan Cardoso, conta que o restante custará R$ 650 milhões e deve ficar pronto em 36 meses. “A  via sai da Avenida Suburbana, na altura do Lobato, passa pelo complexo de viadutos da BR-324, que é outra obra do estado, e desemboca na avenida Gal Costa, que será duplicada.

Ela atravessa a Paralela por um túnel, que vai passar debaixo do metrô, e chega na Pinto de Aguiar”, descreve Cardoso. Além do túnel, serão construídos nove viadutos, 6,5 quilômetros de ciclovias, além da macro-drenagem dos rios Camurugipe e Pituaçu. São três faixas por sentido: duas para carros e um corredor exclusivo para ônibus (BRT). 
O Corredor Transversal II segue os mesmos moldes: 12 quilômetros, duas faixas para carros e uma para BRT. “Ela vai sair de Águas Claras, pela BR-324, encaixa na 29 de março, que está sendo construída, atravessa a Paralela e chega na Orlando Gomes, que será duplicada nos mesmos moldes da Pinto de Aguiar”, conta Ubiratan Cardoso, da Conder. Este corredor contará com seis viadutos, cinco pontes e 11 quilômetros de ciclovia, bem como com a macrodrenagem do Rio Jaguaribe. 
O projeto ainda inclui iluminação pública, áreas verdes e integração com o metrô. As interseções com o transporte metroviário ocorrerão em dois pontos de cada corredor: em Pituaçu e Pirajá, no Corredor I, e em Águas Claras e Bairro da Paz, no Corredor II. E se ainda assim, as pessoas continuarem apegadas à Paralela, pelo menos elas poderão ir de metrô. Sim, após 14 anos de imbróglio, agora sob a gestão do Estado, o transporte sobre trilhos finalmente vai sair do papel. Ainda em junho, o primeiro trecho, que vai da Lapa até o Retiro, começará a operar.
Ainda estão previstas mais quatro etapas do transporte. A linha 1 continua do Retiro até Pirajá, e de Pirajá até Águas Claras e Cajazeiras (onde ele será integrado ao Corredor II). Já a linha 2,  vai ligar a linha 1 até o aeroporto e, posteriormente, até Lauro de Freitas. A previsão é que tudo esteja pronto até 2017.   
Complexo
O conjunto de obras, denominado Complexo Viário do Imbuí e Narandiba, foi dividido em cinco trechos, denominados M1, M2, M3, M4 e M5 e contempla os bairros localizado entre os dois que dão nome ao projeto. Ao todo, o governo do estado está investindo R$ 95 milhões nos cinco trechos. 

“Com essas mudanças, serão criadas condições para desenvolver a mobilidade da região com menos interferências nos trajetos”, explicou o coordenador executivo de Infraestrutura da Casa Civil, Eracy Lafuente. “As obras dão soluções para os motoristas que trafegam na região, dividindo o fluxo para que a Paralela não fique tão lenta”, completou ele.
Lafuente acrescenta que as obras antecedem a linha 2 do metrô, que cortará toda a Paralela, ligando o Acesso Norte do município ao Aeroporto e, em seguida, a Lauro de Freitas. “Isso é uma espécie de antecipação do metrô. Quando os trens estiverem passando no meio da Paralela, não será possível fazer os retornos passando pelo meio da via”, disse o coordenador executivo.
Trechos  
Na entrada do Imbuí, as obras preveem a construção de dois viadutos – um ligando a Avenida Jorge Amado, a principal do bairro, diretamente à Avenida Luís Eduarda Magalhães (denominado M1) e outro ligando o bairro à Paralela (denominado M2). O trecho M2 corresponde a ajustes na avenida marginal que sai do Imbuí e passa pelo supermercado Extra.
Por sua vez, o trecho M3 consiste no alargamento da entrada do Centro Administrativo da Bahia (CAB). Já o M4 é o trecho que liga Narandiba à Paralela. O trecho M5 liga o Saboeiro à Luís Eduardo Magalhães, evitando o tráfego pela Paralela. De acordo com Lafuente, as avenidas marginais serão liberadas entre abril e maio. Todo o complexo ficará pronto entre junho e julho. “O projeto inclui urbanização, a construção e reforma de passeios, meios-fios, iluminação e sinalização horizontal e vertical”, detalhou ele. 
O complexo ainda inclui uma ligação da avenida Luís Eduardo à Estrada do Curralinho. “Isso facilitará o acesso ao Hospital Sara Kubitschek, ao Stiep, ao Centro de Convenções e também à parte interna do Imbuí”, explicou Lafuente. A terraplanagem para essa obra já está em curso. 
A intervenção inclui a pavimentação, o alargamento da avenida marginal ao hospital Sara e as sinalizações horizontais e verticais, partes que ainda estão sendo licitados. De acordo com o governo, essas obras ficarão prontas este ano. A previsão é que elas durem um período de três a cinco meses depois de licitadas.
Barradão vai facilitar acesso de torcedores aos jogos
O caminho para os jogos do Vitória também ficará mais fácil após a conclusão das obras de mobilidade do governo do estado. Mas antes que os torcedores do Bahia comecem a protestar, é bom deixar claro que a Via Paralela-Barradão, como está sendo chamada, beneficia não só os torcedores que frequentam o estádio, mas valoriza também os bairros localizados no seu entorno. “Ela liga a Paralela à Via Regional, passando pelo Barradão. É uma obra de R$ 18 milhões, que vai beneficiar 200 mil pessoas”, explica o presidente da Conder, Ubiratan Cardoso.

De acordo com ele, a via cortará os bairros do Trobogy, Canabrava e Nova Brasília, facilitando a locomoção dos moradores destes bairros e de motoristas que passam pela região. Ela terá pista dupla, com duas faixas por sentido, canteiro central, passeios, recuos para pontos de ônibus. Além disso, também está prevista a execução de serviços de macrodrenagem do Rio Mocambo e de contenção de encostas em terra armada. Além dos R$ 18 milhões das obras, serão gastos mais R$ 3 milhões em desapropriações .
A licitação está em curso até esse início de abril, quando será anunciada a empresa vencedora. A partir daí, o prazo para que os 4,6 quilômetros de obras fiquem prontos é de 18 meses, ou seja, final de 2015. Com esta via alternativa, nos dias de jogos com maior apelo de público, os constantes engarrafamentos na Avenida São Rafael e nas imediações da Paralela deixarão de existir. A autorização para a licitação da obra foi assinada pelo governador Jaques Wagner no dia 14 de fevereiro deste ano, numa cerimônia realizada no próprio estádio Manoel Barradas.
Ao lado dele estava o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Manuel Ribeiro. “Esta obra faz parte de um contexto de mobilidade e eu posso garantir que nunca houve uma carteira de obras tão grande quanto a atual, seja a de equipamentos comunitários”, disse ele, na ocasião.

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