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NSA espionou 100 mil computadores por radiofrequência

Na semana em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se pronunciará diante do Congresso sobre as atividades de espionagem praticadas pela  Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos EUA, uma nova denúncia veio à tona pela imprensa americana. Na manhã desta quarta-feira (15), o jornal New York Times publicou uma reportagem em que afirma que a NSA implantou programas de espionagem em cerca de 100 mil computadores em todo o mundo. 
Por meio de uma versão avançada de radiofrequência, que funciona a partir de um canal secreto de ondas de rádio que podem ser transmitidas através de cartões USB instalados secretamente nos computadores, os programas puderam ser executados tanto em aparelhos conectados a uma rede como naqueles sem qualquer conexão. A tecnologia permite, por exemplo, que a informação possa ser recolhida por uma estação do tamanho de uma maleta, a milhares de quilômetros do alvo.
De acordo com o New York Times, a NSA usa essa tecnologia de radiofrequência avançada, chamada de “Quantum”, desde 2008. Entre os alvos mais vigiados por meio deste sistema estão o Exército da China, da Rússia, a Polícia e os cartéis do tráfico de drogas do México, instituições de comércio da União Europeia e países aliados na luta contra o terrorismo, como Arábia Saudita, Índia e Paquistão.
Diante da denúncia, a NSA se negou a comentar detalhes sobre o programa “Quantum”. Em comunicado,  o porta-voz da agência, Vanee Vines, apenas disse que as atividades de espionagem configuram uma medida de defesa contra eventuais ciberataques e negou interesses econômicos por trás das atividades de espionagem. “Não usamos nossos serviços de inteligência para roubar segredos comerciais de companhias estrangeiras”, afirmou a porta-voz da NSA.
A denúncia publicada nesta quarta-feira (15) é mais uma da série de revelações divulgadas pela imprensa internacional a partir de informações fornecidas pelo ex-técnico da NSA, Edward Snowden. As revelações de espionagem em massa, vazadas por Snowden, provocaram um escândalo diplomático de proporções globais, ao mostrar que os serviços de inteligência americanos vigiavam milhões de comunicações, tanto da população, de empresas e de governos e embaixadas.
No final de julho, ÉPOCA revelou com exclusividade arquivos que mostram que a NSA espionou oito membros do Conselho de Segurança da ONU, no caso das sanções contra o Irã, em 2010. Em seguida, ÉPOCA teve acesso a uma carta ultrassecreta em que o embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon Jr., agradece o diretor da NSA, general Keith Alexander, pelas “excepcionais” informações obtidas numa ação de vigilância de outros países do continente, antes e depois da 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, em abril de 2009. Shannon celebra, no documento, como o trabalho da NSA permitiu que os EUA tivessem conhecimento do que fariam na reunião os representantes de outros países.
Essas e outras revelações levaram líderes de países como o Brasil, Alemanha, Reino Unidoe França a cobrarem publicamente um posicionamento de Obama.  Em setembro do ano passado, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff chegou a cancelar uma viagem de Estado que faria a Washington, recusando o convite feito por Obama.
A crise diplomática e a má impressão na comunidade internacional causadas pelas denúncias de Snowden levaram o presidente americano a convocar um comitê de especialistas para analisar as atividades da NSA e propor uma reforma de seus sistemas de vigilância. Fontes do governo dizem que Obama pretende sugerir a limitação de acesso aos dados telefônicos, mais garantias de privacidade a estrangeiros e a criação de uma defensoria pública em um tribunal de inteligência secreta para tratar de questões envolvendo privacidade. Mas as mudanças devem parar por aí, não interferindo de forma significante na dinâmica e alcance das atividades da NSA.
O anúncio das propostas de novas medidas, que devem ser analisadas posteriormente pelo Congresso americano, será feito na sexta-feira (17). Até lá, o governo terá tempo de incluir mais esta denúncia em seu relatório.
(Época)

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