Na fila por um ministério, partidos da base cobram espaço no governo
O prazo inicial para a presidente Dilma retomar as negociações da reforma ministerial com a base era a última quarta-feira. Dilma voltou de viagem, começou a anunciar os primeiros nomes petistas de sua nova equipe, mas ainda não retomou oficialmente a conversa com o PMDB, que deve ser o primeiro partido a ter sua situação resolvida. Nesta quinta-feira, o vice-presidente Michel Temer, interlocutor preferencial da presidente com o partido, voou para São Paulo, onde mora, numa sinalização de que dificilmente as conversas avançariam ainda esta semana.
A resolução do problema do partido, que desejava obter mais um ministério ou outros espaços mais relevantes da administração, não será simples. A presidente precisará manter o equilíbrio de forças das bancadas da Câmara e do Senado e neste cálculo incluir a nomeação do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) na Esplanada. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), esteve nesta quinta-feira com a presidente por cerca de duas horas, mas, segundo ele, a presidente não definiu nada em relação ao PMDB:
— A presidente não definiu ainda a reforma, mas o senador Vital tem o apoio irrestrito da bancada do partido no Senado e na Câmara e temos grandes expectativas em relação ao seu nome. O PMDB é um partido importante na base e a bancada no Senado tem reivindicado mais espaço no governo. A presidente está conversando com o PMDB e em breve se manifestará.
Outro partido com quem a negociação será delicada é o PP. Único partido relevante da base aliada que ainda não sacramentou apoio à reeleição, a legenda quer mais cargos. O foco inicial era a mais um ministério além do das Cidades, mas agora podem se contentar com o comando de uma empresa estatal, mais especificamente a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). A sucessão nas Cidades não será simples. O ministro Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que está de saída, tinha o objetivo de emplacar cargo seu secretário-executivo, Carlos Antônio Vieira, como sucessor, mas o nome enfrenta resistências da bancada do partido.
— Não vai haver disputa. Queremos colocar alguém de perfil técnico para ficar como tampão até o fim do mandato — explicou o presidente da legenda, Ciro Nogueira (PI).
A presidente terá de definir os espaços de PSD, PTB e PROS. A tendência é que o último seja contemplado com a Integração Nacional. Aliado dos irmãos Cid e Ciro Gomes, o interino Francisco Teixeira pode ficar.
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