Internacional Marítima dribla a Capitania dos Portos e encalha ferry em Aracaju
A concessionária Internacional Marítima, contratada pelo Governo do Estado através da Seinfra/Agerba para operar o sistema ferryboat, deu outro 1 a 0 na Capitania dos Portos. Na calada da noite, a empresa do Maranhão conseguiu tirar o ferry “Agenor Gordilho” da Bahia e encaminhá-lo para um estaleiro de Aracaju, onde será submetido novamente a reparos.
Com problemas sérios no sistema de propulsão, o navio dificilmente teria aprovação da autoridade marítima, a Capitania, para sair de Salvador, segundo revelaram fontes seguras aoJORNAL DA MÍDIA. No mínimo, seria exigido que a embarcação fizesse o percurso até a capital sergipana com um rebocador. Mas não foi isso que aconteceu e agora, segundo fontes do setor naval, a Capitania dos Portos deverá abrir inquérito para investigar o caso.
Em abril deste ano, a CP também instaurou inquérito contra a Internacional, que encalhou o ferry Pinheiro em um manguezal na Baía de Aratu para fazer serviços no casco e no sistema de hélices.
Navio Encalha – O pior aconteceu na barra do rio Sergipe. O “Agenor Gordilho” perdeu o ferro de bombordo e encalhou nas proximidades de Barra dos Coqueiros, onde fica o estaleiro, bem em frente a Aracaju. “Foi uma agonia a viagem até Aracaju. Muito tombo, com armários caindo, camas dos tripulantes virando, geladeira virando. O comandante da embarcação ficou nervoso quando o navio encalhou, os tripulantes ficaram sem saber o que fazer. Foi um inferno dentro do barco”, revelou um dos tripulantes em ligação ao JORNAL DA MÍDIA.
A Internacional Marítima pagou somente R$ 50 pela diária dos marinheiros embarcados para a complicada viagem até Aracaju. O JM apurou que o comandante designado pela Internacional para levar o Agenor Gordilho chama-se Santa Rita, o mesmo que conduz os ferries para encalhar em praias ou manguezal, quando a concessionária prefere não pagar pela docagem em estaleiros, como a Base Naval de Aratu. A TWB também adotava a mesma prática irregular, condenada pela Capitania dos Portos e danosa ao meio ambiente. No caso aqui, o problema não é do comandante, que é pago para isso, mas da empresa.
Dinheiro jogado fora ou… Talvez não. – Causa espanto como o governo da Bahia, que colocou o Estado em uma crise financeira sem precedentes, gasta tanto dinheiro público com empresas contratadas para operar o sistema ferryboat. É uma coisa muito misteriosa! Foi assim com o Comab, com a Kaimi, com a TWB e agora com a Internacional Marítima.
Segundo dados divulgados pelo diretor-executivo da Agerba, Eduardo Pessoa em uma audiência pública em Mar Grande, foram investidos de outubro de 2012 até abril, R$ 40 milhões para reformar os navios. Quem executou os “serviços” foi a própria Internacional Marítima, junto com a baiana Lumar.
O que mais impressiona é que todos os navios reformados já estão de novo no estaleiro, o que significa novos gastos. A qualidade dos “serviços” é bastante questionada por especialistas da área naval e até mesmo por funcionários da Internacional e da Lumar que trabalharam na reforma na Base Naval de Aratu.
Otto “inaugurou” o Agenor em março – Foi no dia 26 de março deste ano que o médico ortopedista e vice-governador Otto Alencar, que também é secretário de Infraestrutura, reincorporou, com muita pompa e imponência, o ferry “Agenor Gordilho” à frota do sistema. Na oportunidade, Otto estava acompanhado de diretores da Agerba, da Internacional Marítima e da Lumar. Muito discurso bonito, muitos elogios aos “serviços definitivos” executados e muitas promessas para os usuários.
O “Agenor” passou de outubro a março na Base Naval. Foram gastos nada mais nada menos que R$ 4,9 milhões na propalada reforma, segundo disse o próprio vice-governador. O ferry, que agora foi às escondidas para Aracaju, já tinha quebrado diversas vezes. Um verdadeiro vexame, demonstrando que tudo que foi feito não surtiu o efeito esperado.
Agora, a Internacional Marítima já divulga, por conta própria, que o governo precisa investir mais no sistema ferryboat, que as embarcações são velhas, que o governo vai trazer novos barcos para ela operar. Devia ter dito isso antes, ao assumir o sistema, mas não depois de ter recebido R$ 40 milhões pelos serviços dos navios.
E mais: em uma reunião com uma comissão de usuários da Ilha de Itaparica, um diretor da Internacional já antecipou: o contrato emergencial que tem com o Estado da Bahia, de seis meses, e que acaba dia 14 de setembro, será prorrogado. A empresa sequer esperou o anúncio oficial da Agerba ou do governador Jaques Wagner. Contrato emergencial é prorrogável? Tem essa cláusula no contrato? E por que o governo nunca divulgou?
JM