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Vaca clonada na Argentina começa a produzir leite similar ao humano

Cientistas argentinos
Uma vaca clonada por cientistas argentinos começou a produzir leite similar ao humano, informou nesta segunda-feira a universidade responsável pelos estudos.
Pesquisadores da Universidade Nacional de San Martín (Unsam) e do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) inseriram dois genes humanos em ‘Isa’, uma vaca clonada no ano passado. Os genes são responsáveis por duas proteínas presentes no leite materno, a lactoferrina e a lisozima.
“Esta é uma maneira de contribuir com a luta contra a mortalidade infantil”, disse o reitor da Unsam, Carlos Rota. De acordo com ele, uma das proteínas age contra doenças infecciosas do aparelho digestivo e ajuda a evitar anemia nos recém-nascidos. Segundo o cientista Germán Kaiser, do Grupo de Biotecnologia da Reprodução do INTA, a pesquisa é destinada aos bebês que, por distintas razões, não têm acesso ao leite de suas mães.
A Argentina entrou no clube do países que realizam a clonagem de vacas em agosto de 2002, com o nascimento de ‘Pampa’, fruto de uma pesquisa realizada por cientistas do laboratório Bio Sidus com o intuito de obter leite bovino com a proteína de crescimento humano ‘hGH’. Hoje, os descendentes de ‘Pampa’ produzem leite do qual é extraída essa proteína para produzir remédios com menor custo para crianças com problemas de crescimento.
Brasil — Um projeto semelhante desenvolvido em conjunto pela Universidade Federal do Ceará, pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e pela americana UC Davis, da Califórnia, está prestes a dar os primeiros resultados. Desde 1999, a UC Davis tem uma linhagem de caprinos capazes de produzir a proteína lisozima. A partir de células clonadas e do DNA retirado dessa linhagem, as primeiras cabras transgênicas do Brasil, que devem nascer em breve, também produzirão a proteína em seu leite.
“A lisozima e a lactoferrina estão presentes naturalmente no leite dos animais, porém em concentrações muito baixas”, explica Marcelo Bertolini, pesquisador da UNIFOR. “Os animais transgênicos poderão produzi-las em maior quantidade.” As duas proteínas protegem contra agentes que causam a diarreia, uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo e no Brasil, especialmente nas regiões semiáridas do Nordeste. A produção dos animais no Brasil pode viabilizar a criação de produtos como leite em pó e leite longa vida com as proteínas que diminuem nas crianças o risco de distúrbios intestinais e respiratórios.
Os primeiros clones produzidos no Brasil vão ‘fabricar’ apenas a proteína lisozima e depois a lactoferrina. “Separadamente podemos avaliar melhor o efeito de cada uma”, diz Bertolini.
(Veja)

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