Saiba como se proteger da infecção urinária
O que nos fragiliza é o nosso design. Para entender como nossa anatomia joga contra nós, precisamos saber como a contaminação acontece. Na maioria dos casos (cerca de 95%) é provocada por uma bactéria chamada Escherichia coli, presente normalmente na flora intestinal e, consequentemente, ao redor do ânus e no períneo (área entre o ânus e a vagina). No intestino, essa bactéria é inofensiva, mas quando ela invade as vias urinárias a coisa complica. Aí é que entra a fragilidade da anatomia feminina. A vagina fica a pouquíssimos centímetros do ânus. A uretra, canal que leva o xixi da bexiga até a vagina, é curtinha, quando comparada com a dos rapazes. A nossa mede de 3 a 4 centímetros, enquanto a deles tem mais de 10 centímetros. Com essa configuração, a bactéria que está no períneo chega mais facilmente na uretra, porta de entrada para a infecção. Da uretra para a bexiga, onde a doença começa, é um pulo!
Quando o caso complica
O que favorece a contaminação?
Como tratar a doença?
Se você está com os sintomas de cistite, precisa se tratar. “Não vale o remédio da amiga nem ficar tomando analgésico. A bactéria só acaba mesmo com antibiótico”, explica Fernando Almeida, professor de urologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É preciso procurar um médico e realizar um exame de urina para verificar qual é a bactéria responsável pelo problema. Uma vez medicada, os sintomas, tão desagradáveis, desaparecem em cerca de dois dias. Mas é preciso continuar tomando o antibiótico de acordo com a prescrição do médico, mesmo se não tiver mais nenhum sintoma.
Água, água e mais água
Tomar bastante líquido reduz o risco de contaminação, pois a água “lava” o sistema urinário. “Quanto mais vezes você enche e esvazia a bexiga, menor a probabilidade de a bactéria se instalar”, diz Edilson Ogeda, ginecologista do Hospital Samaritano de São Paulo. Outro cuidado que o especialista recomenda é fazer xixi depois do ato sexual. “Se durante a atividade alguma bactéria do períneo se aproximou da uretra, um jato forte de urina ajuda a eliminar a invasora”, explica o ginecologista.
E se a cistite voltar
Não é porque você curou a doença que ela nunca mais vai voltar. Pela anatomia feminina, como falamos no início da reportagem, o risco de contaminação sempre existe. Das mulheres que tiveram cistite uma vez, 25% voltam a se contaminar. “Ter até duas cistites por ano não é motivo de preocupação”, diz Luiz Estevam. Mas há mulheres que têm uma infecção seguida de outra. “No caso de recidivas frequentes, avaliamos o funcionamento do aparelho urinário da paciente para verificar se há algum problema anatômico, como uma válvula que não funciona direito”, diz Fernando Almeida. Outra hipótese, mais comum, é que as vítimas constantes da cistite têm um tipo de mucosa, tanto da vagina como da uretra, que favorece a aderência da bactéria e com isso a contaminação. Aqui, a fragilidade é hereditária e, certamente, há outras pessoas na família com o mesmo problema. Se for o seu caso, vale consultar um médico que pode sugerir alguns tratamentos para evitar as repetições. Se uma cistite incomoda bastante, várias ao ano atrapalham muito mais.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde, as três maiores carências nutricionais do mundo são ferro, vitamina A e iodo. Confira agora se você está devendo algum deles ao seu organismo
Sou toda cuidados com a minha higiene, mas vivo com a infecção. Silmara, por e-mail
“A doença não está relacionada com falta de higiene. Isso é um mito que precisa acabar”, diz Fernando Almeida. Porém, depois de fazer xixi, é recomendado secar a vagina de frente para trás. No sentido inverso, você pode trazer bactérias do períneo para a vagina.
Se eu beber bastante água, posso curar a minha cistite? Fernanda, por e-mail
Não. O tratamento é feito com o uso de antibióticos. “Com água, você pode até evitar a doença, mas, para acabar com a bactéria, é preciso tomar remédio”, diz Edilson Ogeda, ginecologista.