Esporte

Dupla Ba-Vi calcula prejuízo durante pandemia e projeta futuro do futebol baiano

Com a bola parada nos gramados de todo mundo há mais de dois meses, a incerteza ainda paira no ar a respeito da continuidade dos campeonatos que estavam em andamento no primeiro semestre do futebol brasileiro. Por conta deste cenário, o Portal A TARDE inicia nesta sexta-feira, 15, uma série de reportagens com os clubes da elite do futebol baiano, onde serão revelados as medidas que vem sendo adotadas por eles neste momento de pandemia e, principalmente, a projeção deles para o futuro do esporte.

Nesta primeira semana, optamos pelo equilíbrio e traremos os dois times da capital e maiores forças do futebol no estado: Bahia e Vitória. Em entrevistas concedidas ao Portal A TARDE, tanto o gestor Tricolor, Guilherme Bellintani, quanto o Rubro-Negro, Paulo Carneiro, falaram sobre as dificuldades que estão sendo enfrentadas por ambos os clubes, principalmente no que diz respeito aos equilíbrios das contas.

De acordo com o gestor do Esquadrão, a atual diretoria está precisando ser bastante ‘criativa’ para lidar com os prejuízos gerados pela pandemia. Uma medida adotada por parte do clube para conter a situação, foi a redução em 25% do salário dos atletas. Já entre os principais desfalques financeiros apontados por Bellintani, está a drástica redução dos direitos de transmissão e o aumento na inadimplência dos sócio-torcedores.

“O plano (de sócios) irá responder por quase 100% da receita, praticamente. Porque a única outra receita que temos, é uma parcela muito pequena da globo, que cortou 70% e ficou só um resíduo. Não temos Turner, não temos venda de atletas e nem bilheteria. Cada sócio que deixa de pagar, a gente acaba pagando um compromisso a menos”, afirmou o presidente do Bahia.

Em conversa à A TARDE FM, Bellintani ainda revelou sobre quanto, aproximadamente, o Bahia poderá perder com a paralisação do futebol em 2020 e disse que tudo irá depender da evolução ou não do mercado internacional. “Em 2019, faturamos R$ 190 milhões, o dobro de 2017. Devemos perder de R$ 30 mi a R$ 40 milhões desses R$ 190 milhões, cerca 20% de queda. Essa perda vai variar entre R$ 30 milhões e R$ 60 milhões”, projetou.

Um dos primeiros a decidir pela dissolução da equipe de aspirantes, que vinha disputando o Baianão deste ano, o mandatário do Leão também analisou o prejuízo do clube gerado pela paralisação dos campeonatos. Durante entrevista realizada no início do mês, Paulo Carneiro explicou que a relação do tamanho da perda será sempre proporcional ao tamanho do orçamento de cada agremiação.

“Se para um calendário normal o Vitória tinha um orçamento ruim, agora ele tem menos prejuízo, porque tem um orçamento pequeno. Isso é uma relação direta […] Nosso papel é reduzir as despesas, e os salário têm papel prioritário, porque representam mais da metade das nossas despesas. Temos que reduzir as despesas fixas e manter ao máximo as nossas receitas”, explicou.

Sempre muito crítico com relação ao formato atual dos estaduais, Paulo Carneiro também comentou sobre a possibilidade de retorno do Baianão. Sem o time sub-23, o presidente garantiu que, se precisar, o Leão entra em campo até com jogadores sub-20, mas que não utilizará o plantel principal para a conclusão do certame.

“O Vitória não se prepara para o estadual. O Vitória se prepara para as competições regionais e nacionais. Essa história do dirigente da federação dizer que tem que terminar no campo é muito fácil de falar. Eu quero dizer é que nós não vamos abrir mão do Campeonato Brasileiro com 38 datas. O estadual nunca mais será prioridade”, frisou.

Dupla Ba-Vi nos campeonatos

Quando o futebol foi paralisado, Bahia e Vitória se encontravam em situações relativamente parecidas nas competições que disputavam. No Baianão, os clubes estavam no G-4 e vinham com grandes chances de passarem para a segunda fase. Enquanto o Tricolor liderava a disputa, com 15 pontos, o Vitória vinha na quarta posição, com 11 pontos. Caso o estadual retorne, as equipes ainda irão disputar as duas rodadas que restam, além do mata-mata.


Na Copa do Nordeste, o desempenho era ainda mais equivalente. Tricolor e Rubro-Negro vinham na segunda colocação de seus grupos, com 14 e 13 pontos, respectivamente. Além disso, vale a ressalva que o Vitória, junto com o Ceará, eram as únicas equipes ainda invictas no torneio regional. Antes da paralisação, o certame caminhava para a sua última rodada da primeira fase.

A situação se difere quando entra no âmbito da Copa do Brasil. Se por um lado, o Bahia havia sido eliminado na primeira fase pelo modesto River-PI, o Vitória seguia vivo na competição que já se encontrava em sua terceira fase. Contra o Ceará, o Leão saiu atrás pelo placar mínimo no jogo de ida, realizado no Castelão, e vinha para tentar reverter o cenário em Salvador.


Uma das grandes preocupações, causada por conta da paralisação, será tentar fazer com que todos os campeonatos em disputa caibam dentro do calendário futebolístico. Questionado quanto ao risco dos torneios retornarem e acabarem acontecendo de forma simultânea, de forma que prejudique clubes e jogadores, Bellintani adiantou que será um ano ‘fora do padrão’ e, por isso, precisou aumentar o elenco para cerca de 32 jogadores.

“Eu não tenho dúvida de que os torneios deverão ocorrer paralelamente. Dificilmente conseguiremos acabar uma competição para começar outra. Então, por exemplo, disputar Copa do Nordeste e Brasileirão ao mesmo tempo é uma realidade que iremos enfrentar. Justamente por isso que teremos esse elenco com mais jogadores, para ter mais mobilidade”, justificou.

Já Paulo Carneiro afirmou que o Vitória está com elenco pronto para o retorno da competição. Segundo ele, todas as necessidades que o plantel havia tido ao longo do primeiro semestre já haviam sido conversadas internamente pela comissão técnica e resolvidas antes mesmo da chegada da pandemia.

“O Vitória está com elenco pronto para o Brasileiro. Não tem porque eu negociar jogador com ninguém mais. Eu já falava isso antes da pandemia […] O resto é retoque, não conta. Nós trouxemos um goleiro (Cesar) por uma necessidade, pela lesão de Ronaldo. Agora eles devem disputar posição, porque Ronaldo está voltando. E trouxe também o lateral Léo”, lembrou PC.

Boas notícias

Apesar do momento delicado que os clubes vem atravessando, se engana quem pensa que mesmo longe dos gramados as evoluções pararam de acontecer. Tanto o Tricolor, quanto o Rubro-Negro, tem anunciado algumas novidades para o torcedor durante o período sem futebol e de isolamento social.

Para os sócios que permaneceram adimplentes com o clube, mesmo na pandemia, o Bahia irá construir o monumento ‘Juntos Venceremos’, com o nome de cada torcedor cravado na homenagem, que ficará localizada no CT Evaristo de Macedo. Além disso, Bellintani afirmou ter conversas adiantadas para um novo patrocínio Master na camisa do clube e a falou sobre a previsão para inaugurar o Museu Tricolor.

“O museu já está com tudo pronto, todo o acervo construído, troféus recuperados, vai ficar incrível. Quem sabe na volta da pandemia, já tenhamos tudo pronto e montado até lá. Estamos na reta final”, contou.

Na live de aniversário dos 121 anos do Vitória, comemorados no dia 13 de maio, Paulo Carneiro também revelou algumas novidades para os torcedores do Leão. Entre as principais ações, está o anúncio e detalhes do ‘Mundo Vitória’, primeiro aplicativo oficial do clube que contará, inclusive, com uma nova rede social exclusiva do Rubro-Negro.

“O Mundo Vitória vai mudar o clube […] Não digo que temos o melhor aplicativo do mundo, mas posso dizer que temos um aplicativo de nível mundial”, afirmou o gestor do Leão.

O presidente do Rubro-Negro ainda chegou a falar rapidamente sobre o desejo de pôr em prática a ideia da Arena Barradão e a vontade de aproveitar a estrutura já existente no estádio atual para a construção. No entanto, o projeto ainda não possui previsão para sair do papel.(A Tarde)

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