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O agreste baiano pode ser bem mais diferente do que você imagina

Final de tarde na praça da matriz em Inhambupe
Em viagem pelo sertão baiano no último final de semana, pude perceber uma realidade inteiramente distinta dos filmes sobre o flagelo da seca que tanto nos comovem.  Longe vai o tempo da versão filmada do clássico Vidas Secas, de Graciliano Ramos,  no qual o retirante tem que matar o cachorro pra não deixar o bicho morrer de fome.

No agreste de Inhambupe, Olindina, Crisópolis e outras pelo qual passamos, a realidade é bem outra. Graças a Deus e ao trabalho dos homens.

A despeito da paisagem seca, do clima quentíssimo e da falta de verde, algumas cidades do semi árido podem deixar um baiano do sul besta de vergonha.  Passando por Inhambupe, o que vi foi um município modesto mas sem demonstrações de miséria. Ruas limpas, casas bem construídas, situação social razoável para todos.

Em Crisópolis, crianças bem vestidas passeando à rua, clima de tranquilidade. De novo não vimos favela, nem gente pedindo na beira da pista. O que acontece ali naquele sertão que não acontece por aqui?  Será que esse tempo todo estavam filmando outro sertão?

Em Olindina, a mesma coisa. Ruas limpas, residências bem cuidadas, praças muito bem conservadas. Sinais de prosperidade por toda parte, ou seja:  nada a ver com o que a maioria pensa por aí, inclusive eu.

O sertão ( ou pelo menos a parte que vimos ) está é bem, na dignidade do trabalho, no associativismo de sol a sol, com pé no chão e humildade. E isso há muito tempo, diga-se de pasagem.

Eles vivem de poços artesianos e muita coragem. Então, como explicar o contraste de tanta miséria na nossa região se contamos com fartura de água, chuvas o ano todo, mata atlântica ( ou parte dela )e solo propício para o cultivo ?

Como entender o fato de que uma região cacaueira que já respondeu por mais de 40% do Produto Interno Bruto da Bahia viver sufocada pelo grito dos desempregados, dos viciados em crack e dos falidos, cultivando o crescimento desordenado de favelas e lixões à beira da estrada?

Em nossa região há quem diga que estamos ganhando muito dinheiro. Estão quem? Ainda convivemos com bairros sem água encanada e em certas cidades o que mais se ouve falar é de famílias que poderiam passar fome ( e rotineiramente passam ) se não fosse acudidas pela cesta básica.

Que comparação desproporcional, não é mesmo? ( Blog do Valente)

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