Tribuna popular na Câmara de Vereadores de Salvador: Tarifa zero – Parte II

Na Tribuna Popular da Câmara de Vereadores de Salvador, um dos principais temas debatidos foi a implementação da tarifa zero no transporte público da capital e da região metropolitana. O assunto foi defendido por dois representantes da sociedade santanapolitana: Gilson Vieira (Ver Trem) e Daniel Caribé (Observatório da Mobilidade de Salvador), que apresentaram uma análise aprofundada sobre a proposta. A iniciativa recebeu apoio dos vereadores e da maioria do público presente na galeria da Câmara.

Entrevista com Daniel Caribé
Visão Cidade
Daniel, você fez uma fala importantíssima hoje na plenária da Câmara dos Vereadores de Salvador. Qual é o seu verdadeiro papel perante a sociedade soteropolitana?

Daniel Caribé
O meu papel, assim como o do Observatório da Mobilidade Urbana e do Instituto EquiCidades, é qualificar o debate sobre mobilidade e apresentar soluções para a crise do transporte público. Entre as diversas propostas que defendemos, uma das principais é o Sistema Único de Mobilidade. No entanto, a que ganha destaque nesta casa legislativa é a tarifa zero, um modelo de transporte coletivo gratuito para os ônibus de Salvador.

Visão Cidade
Esse projeto já foi discutido anteriormente, inclusive na época do professor Edvaldo Brito. Como tem sido o andamento desse processo?

Daniel Caribé
Infelizmente, nem o professor Edvaldo Brito nem Augusta Vasconcelos estão mais na Câmara. Augusta se reelegeu, mas quem assumiu foi seu suplente, Hélio. No entanto, acreditamos que Hélio, junto com outros vereadores sensíveis à causa, retomará o projeto da tarifa zero.

Atualmente, há diferentes propostas em discussão. O vereador Hélio já apresentou um projeto sobre o tema, e nós também temos um. O desafio agora é alinhar esses projetos para construir uma proposta robusta que contemple todas as perspectivas. Essa articulação entre os vereadores e a sociedade civil é essencial para encaminhar a proposta ainda este ano.

Hoje, recebemos o apoio da Comissão de Transportes e da Comissão de Reparação. O vereador Felipe também demonstrou interesse, e há uma nova frente parlamentar em defesa da tarifa zero e de um transporte público de qualidade. Além dos benefícios sociais, essa iniciativa também impacta o meio ambiente, pois reduz o número de veículos em circulação, tornando o transporte coletivo mais atrativo e sustentável.

O presidente da Câmara demonstrou abertura para o debate e deixou claro que esse projeto não é mais tratado como algo inviável, mas sim como uma necessidade real. Estamos semeando esse terreno e, mesmo que nossa proposta não seja a definitiva, temos certeza de que um modelo de tarifa zero será implantado, ajudando a tirar nossa cidade do colapso no transporte público.

Visão Cidade
Para finalizar, a mobilidade urbana tem sofrido impactos. Como você enxerga essa situação?

Daniel Caribé
A mobilidade urbana enfrenta desafios, principalmente com a falta de integração entre os diferentes modais de transporte. Hoje, temos ônibus, metrô e, futuramente, o VLT. A grande questão não é apenas implementar a tarifa zero, mas garantir que ela seja parte de um planejamento estruturado do transporte público.

Precisamos de uma governança metropolitana que una o Estado, a Prefeitura de Salvador e as prefeituras vizinhas para criar um sistema integrado, em vez de uma competição entre modais. O metrô não deve competir com os ônibus, assim como o VLT e o ferry boat devem complementar o transporte coletivo, e não concorrer entre si.

O que precisamos é de um planejamento voltado para a população, pensando no transporte público como uma política de Estado, e não apenas de governo. Isso garantirá a realização de direitos sociais fundamentais e uma mobilidade urbana eficiente para todos.

Visão Cidade