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A tribuna popular na Câmara de Vereadores de Salvador: Tarifa zero – Parte I

Na Tribuna Popular da Câmara de Vereadores de Salvador, um dos temas discutidos foi a mobilidade urbana, com destaque para a implantação da tarifa zero no transporte público da capital baiana e da região metropolitana. O debate contou com a participação dos representantes Gilson Vieira (Ver Trem) e Daniel Caribé (Observatório de Mobilidade de Salvador), que apresentaram argumentos sobre a importância da proposta. O tema recebeu apoio dos vereadores e da maioria do público presente na galeria da Câmara.

O que disse Gilson Vieira
A visão sobre a mobilidade urbana e os trens do Subúrbio

Visão Cidade: Senhor Gilson Vieira, no passado, o Subúrbio Ferroviário contava com um sistema de trens que ia da Calçada a Paripe e chegava até Alagoinhas. Como o senhor avalia a atual situação?

Gilson Vieira: Infelizmente, os trens do Subúrbio deixaram de existir. O que estamos comemorando agora, de certa forma, é o retorno do transporte ferroviário na superfície. Quando os trens foram retirados, defendíamos a modernização do sistema, com a requalificação dos trilhos e a introdução de novos trens, garantindo um serviço de qualidade, conforto, rapidez e segurança.

No entanto, a gestão estadual anterior, sob o governador Rui Costa, optou por substituir o modal ferroviário pelo monotrilho. Essa escolha foi equivocada, pois o monotrilho é um sistema baseado em concreto e pneus, descaracterizando completamente a tradição ferroviária da região. O correto seria manter um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um trem moderno, mais leve, rápido e dinâmico, diferente do monotrilho que erroneamente foi chamado de VLT.

Felizmente, a mobilização da comunidade e os altos custos do monotrilho levaram o atual governador, Jerônimo Rodrigues, a interromper o projeto e retomar o VLT. A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) já está avançando nesse sentido, e o novo projeto prevê a extensão da linha até o Comércio, como no plano original. A primeira fase ligará a Calçada à Ilha de São João, em Simões Filho, e posteriormente seguirá até Paripe, Águas Claras e Piatã, além de conexões com a Ribeira.

As obras estão em andamento, e o compromisso do governador é inaugurar a primeira etapa do VLT, trazendo de volta o trem de passageiros, um meio de transporte essencial para milhares de pessoas. Estudos realizados pelo Ministério dos Transportes entre 2010 e 2014, com apoio da Escola Politécnica da UFBA, indicam que o trecho Calçada-Feira de Santana seria viável. No entanto, defendemos priorizar o percurso entre Calçada e Alagoinhas, que possui infraestrutura existente, custos reduzidos e atenderia nove municípios da região.

Sobre os preços das passagens e a tarifa zero
Visão Cidade: O senhor mencionou na Tribuna Popular a questão dos preços das passagens. Como tornar esse transporte acessível à população?

Gilson Vieira: Defendemos que, como forma de compensação pelo tempo em que o sistema ferroviário ficou inoperante, a tarifa do VLT seja gratuita nos primeiros anos. Muitas pessoas dependiam do trem, que custava apenas R$ 1,00 por viagem. Estudos do Ministério Público indicam que 40% dos passageiros utilizavam esse transporte porque não podiam arcar com os altos custos dos ônibus. Quem ganhava R$ 230 a R$ 300 por mês não conseguia gastar R$ 180 apenas com transporte.

Além disso, concordamos com a proposta da tarifa zero, levantada pelo colega Daniel Cariber. Assim como a saúde e a educação públicas são gratuitas, o transporte também deveria ser um direito universal. A gratuidade beneficiaria a economia local, o comércio e a mobilidade urbana, reduzindo a dependência de veículos individuais, como motos e carros. Dessa forma, além de promover inclusão social, a tarifa zero ajudaria no desenvolvimento sustentável da cidade.

Visão Cidade

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