A saúde é uma doença curável, basta querer
É lamentável e inesquecível testemunhar cenas como essas em toda a Bahia. As centrais de marcação de consultas, tanto estaduais quanto municipais, transformam o agendamento de uma simples consulta em um caos absoluto, um verdadeiro descaso com a população que necessita de atenção básica. Em alguns municípios, pode-se contar nos dedos os locais que realmente conseguem oferecer condições mínimas de atendimento para seus cidadãos, com consultas e exames básicos, mas muitos enfrentam enormes dificuldades pela falta de especialistas em suas cidades. Como resultado, várias pessoas recorrem à capital, Salvador, em busca de atendimento, contando com endereços de parentes e amigos para encarar longas filas, consequência da migração em massa dos 416 municípios baianos para conseguir uma chance de atendimento em especialidades e cirurgias.
No último dia, 4 de novembro, a situação se repetiu: uma verdadeira peregrinação de sofrimento. A responsabilidade pela saúde pública recai constitucionalmente sobre a prefeitura, mas, em vez de garantir um atendimento digno, o município transfere a culpa para o sistema de regulação, usando isso como justificativa para a situação caótica. Esse tipo de transferência de responsabilidade é ainda mais evidente na região metropolitana, onde, pela proximidade com Salvador, a preferência é encaminhar pacientes à capital em vez de enfrentar o problema de frente. Nos municípios de Itaparica e Vera Cruz, situados a apenas 14 km de Salvador, a situação é semelhante, com muitos pacientes precisando buscar atendimento na capital por falta de infraestrutura na saúde pública local.
Exames de média e alta complexidade, como tomografias e ressonâncias magnéticas, além de cirurgias eletivas como cataratas e hérnias, são quase impossíveis de se conseguir – a resposta é quase sempre a mesma: “não há mais vagas.” Espera-se que os prefeitos eleitos para os próximos quatro anos olhem com mais seriedade para essa realidade e trabalhem por uma saúde de qualidade e acessível para todos.
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