Ponte Salvador-Itaparica avança para promover transformação social e econômica
A Ponte Salvador-Itaparica é um sonho antigo não só dos residentes dos dois municípios como da população de cidades do entorno que historicamente anseia por uma ligação mais rápida entre a capital e regiões como o Recôncavo e o Baixo-sul baiano. As promessas do progresso econômico atrelado a um sistema de maior eficiência, que cruzaria a Baía de Todos-os-Santos, por exemplo, remetem a um período anterior à chegada dos primeiros automóveis às terras brasileiras.
Recentemente, um documento datado de 21 de março de 1878 foi localizado no Arquivo Público da Bahia solicitando ao então presidente da Província da Bahia, Barão Homem de Mello, a implantação de um sistema de transporte através de embarcação a vapor moderna que facilitasse aos moradores das duas localidades, uma travessia mais rápida e confortável.
No documento, um abaixo assinado que reuniu 63 assinaturas, o proponente Gustavo Americo Hasselman destacava a importância do novo modelo de transporte para a região, principalmente para os portadores de beriberi, doença nutricional causada pela falta de vitamina B1, que na época era tratada em hospital militar estabelecido em Itaparica. “Sendo de grande vantagem este melhoramento não só por facilitar o desenvolvimento da villa de Itaparica, como também por proporcionar aos ‘beribericos’, menos abastados, que não podem procurar alívio aos seus sofrimentos na Europa, um meio de transporte cômodo, barato e rápido, e para os quais é a Ilha de Itaparica”, diz o documento.
Documento de 1878 solicita implantação de sistema de transporte que facilitasse uma travessia mais rápida e confortável entre Salvador e Itaparica Crédito: Divulgação
Quase um século e meio depois, a busca por um formato de transporte mais adequado às demandas atuais, continua sendo o desejo de milhões de baianos que serão beneficiados pela ligação viária entre os dois municípios. Atualmente o sonho está mais próximo de se tornar realidade. Conduzida pelo Consórcio Ponte Salvador-Itaparica, o projeto encontra-se na etapa de sondagem com perfurações no mar.
“Muito em breve, iniciaremos a sondagem em águas rasas, até 10 metros de profundidade, e, em seguida, passamos para águas profundas – com mais de 10 metros de profundidade – usando balsas de grande porte, chegando até 75 metros de comprimento. Em cima delas estarão equipamentos, muitos deles chineses, dotados de alta tecnologia”, explica Claudio Villas Boas, CEO do Consórcio Ponte Salvador-Itaparica.
Balsa de 75m para sondagem em águas profundas sendo montada Crédito: Divulgação
“Importante destacar também que temos o compromisso com a contratação de empresas locais em todas as fases de implantação do empreendimento. Atualmente, somente em função da sondagem, 17 empresas baianas já foram contratadas e 300 empregos entre diretos e indiretos foram gerados “
Claudio Villas Boas,
CEO do Consórcio Ponte Salvador-Itaparica
Desenvolvimento
Para o executivo, assim como o transporte marítimo promoveu um salto de desenvolvimento na região, no século passado, a chegada da ponte Salvador-Itaparica garantirá um avanço social e econômico ainda maior, distribuindo por diversos municípios as riquezas que hoje são geradas na Região Metropolitana de Salvador. “Estamos falando de um projeto de amplitude inédita na Bahia, que envolve a infraestrutura do entorno, além do impacto econômico que vai beneficiar 10 milhões de baianos através da ampliação da logística de negócios, do turismo e projetos sociais”, afirma.
Quando finalizada, a ponte será a maior da América Latina, com 12,4 quilômetros de extensão, criando uma ligação mais curta entre a capital e as rodovias BR-101, BR-116 e BR-242. A estrutura beneficiará cerca de 250 municípios direta e indiretamente. O projeto também prevê a implementação de mais de 50 programas educacionais e socioambientais, executando uma agenda ESG. Por isso, estão previstas atividades que envolvem a capacitação de mão de obra local e incentivo ao empreendedorismo, por exemplo. E foi justamente para alinhar ações com esse propósito que executivos da Concessionária já se reuniram com o Senai Cimatec e Sebrae.
“Temos falado que esse projeto é muito mais do que uma ponte. Pactuamos com o estado a promoção do desenvolvimento econômico da região não apenas por meio da geração de emprego que durante a construção vai ter mão de obra majoritariamente local, mas também por uma série de ações que vão ficar para posteridade, desde projetos culturais e socioambientais ao aparelhamento de hospitais e escolas. Importante destacar também que temos o compromisso com a contratação de empresas locais em todas as fases de implantação do empreendimento. Atualmente, somente em função da sondagem, 17 empresas baianas já foram contratadas e 300 empregos entre diretos e indiretos foram gerados”, afirma Claudio.
Na região de Vera Cruz já está sendo realizado o mapeamento étnico e territorial de comunidades tradicionais quilombolas, em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e representantes das comunidades de Tereré e Maragojipinho, para desenvolver o Plano Básico Ambiental Quilombola (PBAQ), que servirá como pontapé para a proteção jurídica das áreas onde as comunidades estão assentadas e desenvolverá ações em áreas como educação socioambiental, cultura e turismo comunitário.
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