O Brasil da fartura e o Brasil da fome
Estamos às vésperas da Sexta-Feira Santa, uma ocasião marcada pela abundância gastronômica com pratos típicos como peixe, mariscos, frutos do mar, quiabo, castanhas e camarão seco, alimentos valorizados nesta época em celebração a um evento religioso. No entanto, surge uma reflexão inevitável: o que estamos comemorando diante de tanta opulência e riqueza nas mesas brasileiras? A abundância passageira contrasta drasticamente com a realidade enfrentada por muitos compatriotas que não têm o suficiente para comer.
Enquanto muitos se deliciam nesse dia, conhecido pela crucificação e morte de Jesus Cristo, sábado se torna um dia comum, e a festa de confraternização logo é esquecida. A Sexta-Feira Santa, além de ser parte integral da celebração da Páscoa cristã, é também conhecida como Sexta-Feira da Paixão, remetendo ao sofrimento de Cristo.
Entretanto, é difícil ignorar o descompasso entre o significado religioso da data e sua prática contemporânea. Deveria ser um momento de reflexão, mas muitas vezes se torna uma festa marcada pelo consumo excessivo de comida e bebida, perdendo seu verdadeiro propósito. Agravando ainda mais essa situação, persiste a realidade dolorosa da fome que assola muitos brasileiros.
Embora se alardeie que a fome no Brasil esteja diminuindo, a verdade crua e nua se manifesta diariamente nas esquinas, debaixo dos viadutos, nos sinais de trânsito. É uma realidade que nos confronta a todo momento, até mesmo quando estamos desfrutando de uma refeição em um restaurante e somos confrontados com a presença de alguém pedindo comida, às vezes sendo constrangidos pelo garçom.
Assim, enquanto uma parte da população se deleita em um dia de fartura, outra parte enfrenta a dura realidade da fome, revelando um Brasil de contrastes, onde a celebração muitas vezes ocorre sem uma verdadeira compreensão do que está sendo comemorado.
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