Novembro Negro
*Antonio Carolino
Que o Novembro Negro dure todo o ano; parabéns à SEMUR pelos 20 anos fazendo a diferença, e que o Terreiro Legal vire realidade, prefeito!
É digno de aplausos o calendário de eventos e as ações públicas afirmativas do Novembro Negro em Salvador neste ano. Mais uma vez o prefeito Bruno Reis, a vice Ana Paula Matos e a secretária da reparação, professora Doutora Ivete Sacramento, deram show mostrando como este sensível e importante tema deve ser conduzido. Agregando ainda mais valor à mais bela das belas cidades brasileiras: Salvador.
Foram palestras, festivais, oficinas, rodadas de negócios, mentorias, painéis institucionais, shows, encontros, troca de experiências nacionais e internacionais. Eventos de caráter artístico, técnico, profissionalizante e político que trouxeram astros de 1ª grandeza do cinema, da música e do empreendedorismo nacionais e internacionais, como Viola Davis e Morgan Freeman. Todos vieram à Cidade da Bahia, como chamava Jorge Amado, e experenciaram por dias a benção que temos por anos: sermos soteropolitanos.
Um bom exemplo de como esses debates resultaram em ações práticas também, foi a completa isenção que os blocos afros terão no Carnaval de Salvador em 2024. Uma novidade anunciada sexta passada (24) durante a cerimônia de abertura da Expo Carnaval Brazil realizada no Centro de Convenções de Salvador, na Boca do Rio. De acordo com o gestor municipal, Bruno Reis, a medida, além de uma forma de auxiliar os blocos de matriz africana, reconhece a importância deles para a formação da cultura local.
O desafio agora é maior ainda, replicar de forma transversal em todas as secretarias, superintendências, órgãos municipais e poderes constituídos o que fora feito em novembro nos demais meses do ano. Colocando de uma vez por todas o povo preto soteropolitano como protagonista, como agentes de mudança e a matriz do que há de melhor, nossa negritude e competência. A régua e o compasso dessa jornada pode e deve ser dada pela própria Semur (Secretaria da Reparação) que em outubro completou 20 anos, e inaugurou nas capitais do Brasil este tipo de debate público-cidadão. Por iniciativa do então prefeito Antonio Imbassahy, nossa capital foi mais uma vez pioneira no Brasil, tornando-se em 2003 a 1ª do país com esse necessário avanço institucional. Parabéns a este time comprometido, engajado que já tive a honra de fazer parte, cuja líder é a professora, Doutora e sempre uma inspiração Ivete Sacramento.
Para encerrar este Novembro Negro com chave de ouro, o prefeito Bruno poderia acolher também um projeto de indicação de nossa autoria que implanta na cidade o Terreiro Legal, medida de caráter compensatório alinhada e construída a partir do Estatuto da Igualdade Racial e Combate à Intolerância Religiosa. Outra grande contribuição da Câmara de Vereadores de Salvador ao nosso povo. O programa Terreiro Legal, acolhido e chancelado por todos os 43 vereadores, prevê melhorias estéticas e também estruturais nos Templos de Religião de Matrizes Africanas da cidade, inscritos e georreferenciados no Cadastramento de Terreiros da Secretaria Municipal da Reparação (Semur). Nossa compreensão é que tais espaços possuem relevo histórico, acervos de valor inestimável e contam a história real, sem retoques e edição, da 1ª Capital do Brasil sob a perspectiva simbólica e ancestral dos escravizados no passado que precisam de reparação e protagonismo urgentes. Mais este gesto e o prefeito Bruno coloca em ação o que por séculos foi apenas promessas. Sabemos que podemos contar com você e todo seu time!
Vereador Antonio Carolino (Podemos), vice-presidente da Comissão de Direitos do Cidadão e Defesa do Consumidor, e da Comissão de Legislação Participativa.
Câmara Municipal de Salvador
(Foto: VC)